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A celebração da torcida do Vasco

Victor Eduardo Rodrigues Santos 10 de dezembro de 2019

Em uma temporada sem títulos, a torcida do Vasco decidiu transformar 2019 em uma celebração a si mesma.

O Vasco vive há alguns anos a fase mais modesta da sua história. Em relação a títulos importantes, o último foi conquistado em 2011, a Copa do Brasil protagonizada pelo time que tinha Dedé, Fernando Prass, Diego Souza, Felipe e outras estrelas.

Além da longa seca de grandes títulos e três amargos rebaixamentos nesse meio tempo, os vascaínos ainda assistiram dois dos seus principais rivais levantarem taças de peso. Em 2019, essa disparidade ficou ainda mais clara, com o Flamengo soberano tanto no Campeonato Brasileiro quanto na Libertadores.

Mas o que seria motivo de lamento para os vascaínos, parece ter sido o impulso para a construção da história mais bonita do ano entre uma torcida e o amor pelo seu clube. Dentro dessa relação que já envolveu a construção de um estádio em 1927 e um CT que está em andamento, outra linda página vem sendo escrita desde a semana passada.

Jogadores, ex-jogadores, artistas e torcedores se uniram e fizeram o Vasco saltar dos 32 mil sócios para mais de 110 mil até a madrugada da sexta (29/11) para o sábado. Não bastassem os ótimos públicos colocados em São Januário durante o Brasileirão, o clube agora é o terceiro com maior número de sócios no país, atrás apenas de Flamengo e Internacional.

Torcida vascaína em São Januário. Foto: Fábio Soares/Futebol de Campo.

Como recompensa, alguns jogadores, entre eles Talles Magno e Leandro Castán, sortearam materiais esportivos para os torcedores, como camisas e chuteiras. Porém, o maior presente, aquele que cabe em qualquer orçamento mas não é um privilégio de todos, é, sem dúvidas, o orgulho que o torcedor cruz-maltino sente por seu clube do coração.

Orgulho que tentaram surrupiar durante anos, usando justamente o argumento de trazê-lo de volta, como se um dia ele houvesse acabado. Mal sabem que enquanto houver uma camisa preta e branca, com a cruz de malta no peito, e uma voz ecoando pelos arredores de São Januário, só restará aos dirigentes saber aproveitar esse sentimento que parece aumentar a cada dificuldade enfrentada por este gigante brasileiro.

Como ato final dessa belíssima história, houve também uma mobilização para que o jogo entre Vasco e Chapecoense, na última rodada, fosse levado ao Maracanã. Com 67.395 presentes, o vascaínos lotaram o Maracanã – o maior público da temporada – e se despediram de um ano que, mais uma vez, não trouxe títulos, mas serviu para reafirmar o amor de uma torcida por um clube que ela nunca abandonará. 2019 ficará marcado para sempre como o ano em que a torcida do Vasco decidiu celebrar a si mesma.

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Victor Eduardo Rodrigues Santos

Formado em jornalismo pelo Unileste, Coronel Fabriciano, sou um apaixonado por futebol que ama explorar todas as vertentes deste esporte maravilhoso.

Como citar

SANTOS, Victor Eduardo Rodrigues. A celebração da torcida do Vasco. Ludopédio, São Paulo, v. 126, n. 10, 2019.
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