A crescente extrema-direita na arquibancada espanhola
Horas antes da final da Copa del Rey entre Real Madrid e Osasuna, as ruas de Sevilla viam de perto duas torcidas extremamente políticas se enfrentando. Diante de todo o favoritismo em campo e mais apelo popular, a torcida do Real Madrid – Ultras Sur – caçavam os rivais da Indar Gorri – Osasuna. Contudo, em meio a toda tensão que uma final de campeonato propõe, um motivo maior os cercavam: a política. Banidos oficialmente desde 2014, os Ultras Sur são famosos por serem de extrema-direita e até fazerem apologia neonazistas em alguns casos, com fotos, gestos e bandeiras – inclusive dentro dos estádios.
Entretanto, nem só o Real Madrid vê sua torcida ganhar forte apelo extremista na Espanha. Além dos madrilenhos, há inúmeras torcidas nas arquibancadas espanholas que se autodenominam de extrema-direita ou simpatizam com o movimento. Por exemplo, a Brigada Blanquiazule, do RCD Espanyol, nutre forte amizade com os Ultras Sur e se posicionam como extrema-direita também. Apesar de Catalão, o clube RCD Espanyol detém o “status” de Real, um posto adotado por inúmeros clubes no país durante o regime monárquico, assim como o próprio Real Madrid ou Real Betis, entre outros.
Extrema-direita
Sendo assim, junto de Real Madrid e RCD Espanyol, outro clube de torcida extrema-direita é o Real Betis. Denominada Supporters Gol Sur 1986, a torcida é famosa por gestos neonazistas e cânticos homofóbicos, além da violência contra rivais – em especial o Sevilla, rival regional e torcidas que se posicionam de esquerda. Torcida de grande porte, os ultras do Betis estiveram nas ruas de Sevilla para ajudar a torcida do Real Madrid, que estava acompanhada do Espanyol, em confronto contra o Osasuna – que também estava acompanhada de ultras de esquerda que falaremos em breve.
Além deles, outras torcidas são de extrema-direita, como por exemplo a Boixo Nois, do Barcelona. Contudo, por serem rivais regionais do Espanyol e rivais nacionais do Real Madrid, não integram a aliança formada pelos ultras rivais. Nessa mesma pegada está a Frente Atleti, que simpatiza com o movimento de extrema-direita e não integram a aliança por serem rivais do Real Madrid. Porém, indo além da Espanha, eles nutrem fortes amizades com torcidas, como a Ultras Lazio (Real Madrid e Espanyol), Curva Sud Roma (Atlético Madrid) e Bad Gones Lyon (Real Madrid). De fora, há torcidas de direita que se mantém neutras com as alianças, tipo a Biris Norte, do Sevilla. Como são rivais do Betis, não integram a aliança, mas possuem ideologias parecidas. Demais, os ultras do Valladolid, Valencia e Málaga também simpatizam com o movimento.
Uma característica em comum das torcidas de extrema-direita são perseguições aos rivais torcedores de esquerda, bem como as torcidas do Cádiz (Brigada Amarilla), Osasuna (Indar Gorri), Rayo Vallecanno (Los Bukaneros), La Coruña (Riazor Blues) e outros clubes de porte médio-pequeno.
Confronto
Por fim, como era de se imaginar, Sevilla vivenciou uma guerra entre as torcidas de extrema-direita e esquerda horas antes do jogo. Além dos Ultras Sur (Real Madrid), estavam dando apoio a Brigada Blanquiazule (RCD Espanyol), Supporters Gol Sur 86 (Betis) e Bad Gones (Lyon). Do outro lado, junto da Indar Gorri, do Osasuna, estavam presentes membros da Brigada Amarilla (Cádiz), Riazor Blues (La Coruña) e Vikings 1986 (Cesena).
Durante esse confronto, ficou marcado algumas fotos de membros da Ultras Sur fazendo gestos neonazistas e cantando letras de tal apologia. Apesar de punidos desde 2014, o grupo segue ativo nas arquibancadas do Santiago Bernabeu e principalmente nas ruas próximas de onde o Real Madrid joga, sejam fazendo amizades ou promovendo brigas.