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A vitória de Gana na Copa do Mundo que quase terminou em guerra

Gabriel de Oliveira Costa 22 de junho de 2023

Durante a primeira fase da Copa do Mundo 2006, Gana e Rep. Tcheca se enfrentaram. Apesar de ambas seleções jamais terem vivido grande rivalidade no futebol, uma celebração quase culminou em um conflito armado entre países. Após John Paintsil celebrar um dos gols dos ganeses com a bandeira de Israel, Gana foi ameaçada por países muçulmanos na África, como o Egito, Marrocos e inclusive parte dos 16% de muçulmanos ganeses.

Na ocasião, Gana jogaria contra os tchecos em Colônia, pela segunda rodada da Copa do Mundo. Contudo, após estrear sem brilho, os africanos venceram com facilidade os europeus por 2 a 0, com gols de Asamoah Gyan (2) e Sulley Muntari (82).

John Paintsil, lateral direito ganês, tinha 25 anos e havia feito aniversário um dia antes da partida, ocorrida 16 de junho de 2006. Na época, Paintsil defendia o Maccabi Tel Aviv, de Israel. Após a vitória, o defensor celebrou com a bandeira de seu país de profissão.

Entretanto Gana possui uma população de 16% de muçulmanos e está em um continente majoritariamente muçulmano. Além disso, é importante contextualizar a guerra histórica entre israelenses e muçulmanos.

A celebração de Paintsil foi visto como um afronta aos países vizinhos e a atitude do jogador culminou em ameaças em embaixadas ganesas, como em Líbia.

O jogo

Durante a primeira fase da Copa do Mundo 2006, Gana e Rep. Tcheca se enfrentaram. Apesar de ambas seleções jamais terem vivido grande rivalidade no futebol, uma celebração quase culminou em um conflito armado entre países. Após John Paintsil celebrar um dos gols dos ganeses com a bandeira de Israel, Gana foi ameaçada por países muçulmanos na África, como o Egito, Marrocos e inclusive parte dos 16% de muçulmanos ganeses.

Na ocasião, Gana jogaria contra os tchecos em Colônia, pela segunda rodada da Copa do Mundo. Contudo, após estrear sem brilho, os africanos venceram com facilidade os europeus por 2 a 0, com gols de Asamoah Gyan (2) e Sulley Muntari (82).

John Paintsil, lateral direito ganês, tinha 25 anos e havia feito aniversário um dia antes da partida, ocorrida 16 de junho de 2006. Na época, Paintsil defendia o Maccabi Tel Aviv, de Israel. Após a vitória, o defensor celebrou com a bandeira de seu país de profissão.

Entretanto Gana possui uma população de 16% de muçulmanos e está em um continente majoritariamente muçulmano. Além disso, é importante contextualizar a guerra histórica entre israelenses e muçulmanos.

A celebração de Paintsil foi vista como um afronta aos países vizinhos e a atitude do jogador foi elevada em ameaças às embaixadas ganesas, como em Líbia, por exemplo.

John Paintsil
Fonte: divulgação twitter/ @ghanafaofficial

Guerra

Ainda que Paintsil argumentasse que foi apenas um gesto para homenagear o país em que o acolheu, a situação de guerra já era iminente. O ministro de relações exteriores de Gana, Nana Akufo-Addo, registrou ameaças de bombas em embaixadas ganesas. Além da Líbia, Egito, Arábia Saudita, Síria e Marrocos foram países a se queixarem dos ganeses politicamente.

As relações diplomáticas de Gana com seus vizinhos foi elevada para uma tensão de níveis preocupantes. Akufo-Addo chegou a pedir desculpas pelo ocorrido durante a partida de futebol.

“Um lamentável ato isolado de um indivíduo completamente ignorante das implicações políticas e democráticas pelo seu ato”, disse o ministro.
Paintsil não foi punido pela FIFA durante a Copa do Mundo. O defensor que tirou a bandeira de Israel de seu calção foi apenas advertido. Na época, a FIFA também argumentou não punir outras celebrações no torneio, como o uso de máscaras, usado por exemplo pelo equatoriano Kaviedes.

Nascido em Berekum, Gana, Paintsil foi um lateral de anos da seleção ganesa. Ainda que estivesse longe dos holofotes de companheiros de geração, como Asamoah Gyan, Sulley Muntari e Michael Essien, atuou nas Copas de 2006 e 2010.

Além disso, Gana naquela edição de 2006 foi às oitavas-de-final, onde caiu para o Brasil. Entretanto mais polêmicas cercaram Gana naquela edição de Copa. Segundo o treinador Ratomir Dujkovic, o árbitro da partida contra o Brasil teria pedido uma camisa à Ronaldo Fenômeno. O atacante brasileiro desmentiu o caso e apesar disso, os ganeses reclamaram de uma possível arbitragem pró-Brasil.

Por fim, após a confusão os ganeses não conseguiram provar qualquer interferência da arbitragem e estiveram eliminados da Copa.

Desculpas

Ainda que Paintsil argumentasse que foi apenas um gesto para homenagear o país em que o acolheu, a situação de guerra já era iminente. O ministro de relações exteriores de Gana, Nana Akufo-Addo, registrou ameaças de bombas em embaixadas ganesas. Além da Líbia, Egito, Arábia Saudita, Síria e Marrocos foram países a se queixarem dos ganeses politicamente.

As relações diplomáticas de Gana com seus vizinhos subiram para uma tensão de níveis preocupantes. Akufo-Addo chegou a pedir desculpas pelo ocorrido durante a partida de futebol.

“Um lamentável ato isolado de um indivíduo completamente ignorante das implicações políticas e democráticas pelo seu ato”, disse o ministro.
Paintsil não chegou a ser punido pela FIFA durante a Copa do Mundo. O defensor que tirou a bandeira de Israel de seu calção foi apenas advertido. Na época, a FIFA também argumentou não punir outras celebrações no torneio, como o uso de máscaras, usado por exemplo pelo equatoriano Kaviedes.

Paintsil

Nascido em Berekum, Gana, Paintsil foi um lateral de anos da seleção ganesa. Ainda que estivesse longe dos holofotes de companheiros de geração, como Asamoah Gyan, Sulley Muntari e Michael Essien, atuou nas Copas de 2006 e 2010.

Além disso, Gana naquela edição de 2006 foi às oitavas-de-final, onde caiu para o Brasil. Entretanto mais polêmicas cercaram Gana naquela edição de Copa. Segundo o treinador Ratomir Dujkovic, o árbitro da partida contra o Brasil teria pedido uma camisa à Ronaldo Fenômeno. O atacante brasileiro desmentiu o caso e apesar disso, os ganeses reclamaram de uma possível arbitragem pró-Brasil.

Por fim, após a confusão os ganeses não conseguiram provar qualquer interferência da arbitragem e estiveram eliminados da Copa.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Gabriel de Oliveira Costa

Jornalista carioca, tenho 22 anos. Apaixonado por futebol, fator principal pelo qual sou motivado para trabalhar com  a comunicação social, desde março realizo trabalhos direcionados ao conteúdo esportivo. Há dois anos trabalho com pautas de economia e política.

Como citar

COSTA, Gabriel de Oliveira. A vitória de Gana na Copa do Mundo que quase terminou em guerra. Ludopédio, São Paulo, v. 168, n. 22, 2023.
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