Marias, Malus, Mulheres… retrato de gênero no Sport Club Internacional
Maria Von Ockel foi aceita no quadro social do Sport Club Internacional, em 02 de abril de 1918, sob responsabilidade de seu cunhado. É a primeira mulher associada a um clube de futebol do país. A ata de aprovação do seu nome salienta a idoneidade dos proponentes da associação como fator determinante para que a mesma ingressasse no clube e na história das mulheres no futebol. Um ano depois, o clube adequa sua sede com um pavilhão especial para senhoras e senhoritas que passaram a frequentar a Chácara dos Eucaliptos.
Malu Barbará participa da Torcida Força Feminina Colorada (FFC), composta unicamente por mulheres, desde sua fundação, em 2009, ano do centenário do clube. No começo, a ideia era apenas proporcionar companhia do mesmo gênero às mulheres que iam sozinhas ou com filhos ao estádio. A consciência social veio em seguida: são inúmeras as campanhas contra violência de gênero e pelo empoderamento feminino. Hoje, a FFC tem vez, voz, espaço, autonomia e reconhecimento de toda torcida.
O quadro social do Inter é composto em quase 25% por mulheres. É o maior número em proporção de associadas dentre todos os clubes do país. Também é do Inter o maior número de mulheres que integram um Conselho Deliberativo: 35.
Podemos tentar explicar esse fenômeno pelo forte apelo popular que o Inter sempre teve na sociedade gaúcha, desde sua fundação pautada pela inclusão social. Outra hipótese seria o amplo número de mulheres que são responsáveis sozinhas pelas famílias que formaram: são elas que levam os filhos e as filhas ao estádio (e a política de acesso gratuito a crianças no Beira-Rio, em conjunto com o plano de associação para pessoas de baixa renda, colaboram para esse cenário). Por fim, não se pode olvidar que o Inter é um clube que garante estatutariamente a participação efetiva do seu quadro social: com apenas um ano de associação, o direito ao voto é conquistado; com dois anos, o de ser votado.
Essa abertura política, em consonância com ações de proteção de gênero (o Inter tem um canal de WhatsApp, “Estaremos Contigo”, para denúncias de assédio durante as partidas; além da Ouvidoria), conta também com um Futebol Feminino estruturado desde a base e com uma Diretoria Feminina do Relacionamento Social. O pertencimento é real, constante e presente no cotidiano do clube.
Somos Marias, somos Malus, somos as mulheres que participam ativamente da arquibancada à gestão; da torcida ao conselho. Nas ruas, nas casas, nos estádios e nas arenas de todo o país, as mulheres coloradas estão onde decidiram estar.
Para ler essa história de mulheres corajosas recomendamos como trilha sonora a música Pagu na versão da Maria Rita:
A Revista Pelota em parceria com o Ludopédio publica nesse espaço os textos originalmente divulgados em sua página do Medium.