107.5

“Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?”: reflexões sobre a idealização e as dificuldades de ser um futebolista profissional

A pergunta presente no título desse texto é, provavelmente, conhecida e presente na realidade de um grande contingente de brasileiros. Parte da música “É uma partida de futebol”[1], lançada no ano de 1996 pela banda mineira Skank, tal questionamento mostra, dentre outras coisas, como o futebol pode se fazer presente no pensamento da população brasileira.

No decorrer da referida canção, é construído um cenário de sonho em cima de uma partida de futebol, através da apresentação da trama futebolística a partir de uma perspectiva apaixonada, que produz e reproduz um imaginário onírico em torno do esporte bretão. Neste contexto, a música mostra que ser jogador de futebol representa um desejo para uma significativa parcela dos habitantes do nosso país, sobretudo para pessoas do sexo masculino (demarcado pela flexão de gênero utilizada na palavra “jogador”), haja vista o caráter positivo e o enaltecimento atribuído à imagem do homem jogador de futebol.

Indo para o campo real, diferentes são os indícios que nos levam a concordar com as representações transmitidas pela letra dessa canção. Ao observarmos, por exemplo,  as apropriações que a mídia faz do futebol, é possível notar uma atuação no sentido de vender os jogadores de destaque como uma espécie de heróis contemporâneos. Neste sentido, são diversos os momentos e os meios de comunicação nos quais eles são mostrados como jovens bem sucedidos, capazes de se sobressair em um ambiente altamente competitivo e que recebem por isso uma alta remuneração.

Quem imagina um Neymar, um Messi ou Cristiano Ronaldo com seus contratos milionários, pode formar uma imagem do jogador de futebol quase como um ser sobre-humano, na medida em que eles parecem vivenciar uma vida muito distante (e melhor) do que aquela que faz parte do cotidiano da grande maioria da população. No entanto, será que essa é de fato a situação encontrada a partir de uma análise mais cuidadosa do cenário apresentado?

Cristiano Ronaldo, o herói português
Cristiano Ronaldo, o herói português.

No presente texto, procuraremos contrapor à idealização comumente associada à vida do jogador de futebol, questões relativas a algumas adversidades passíveis de serem encontradas durante suas carreiras, tanto de ordem pessoal, quanto de ordem profissional. Pretendemos, assim, contribuir para uma reflexão sobre a vida do jogador de futebol de uma forma mais ampla, de modo a salientar a presença de vivências inerentes à jornada de todos os seres humanos.

É possível também, que não seja lembrado que, mesmo dentre os jogadores que alcançam o estrelato, o fator humano não deixa de existir, ou seja, eles não deixam de ser pessoas que enfrentam problemas de ordem pessoal e profissional, tal como todas as outras.

O enfrentamento de questões de ordem pessoal

Para iniciar essa discussão, cabe destacar que, antes de tudo, o jogador de futebol tem no esporte uma profissão e, como tal, está sujeito a responsabilidades, pressões e contingências que se fazem presentes em qualquer ambiente de prática laboral. Aproveitar as oportunidades, lidar bem com as adversidades e construir uma carreira de sucesso acaba sendo a realidade para uma parcela das pessoas que escolhem o futebol como o caminho para sua prática profissional, ao mesmo tempo em que, para outros, o percurso acaba não sendo assim tão positivo. Há, portanto, uma linha tênue entre o sucesso e o insucesso profissional na modalidade e, mesmo em casos em que tudo parecia ir muito bem, situações podem aparecer no meio do caminho e dar um novo rumo à história.

Sendo assim, não podemos deixar de lado o que os dados mostram a respeito dos salários que são pagos à maioria dos jogadores de futebol. De acordo com levantamento realizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2015, o sucesso profissional na modalidade, naquilo que concerne aos rendimentos dos jogadores, representa um quadro minoritário[2]. Para além disso, existem casos de jogadores que atingem o sucesso, mas que acabam passando por momentos difíceis no decorrer de suas trajetórias nos gramados. Problemas com álcool, drogas e nas relações familiares são comumente presentes no mundo futebolístico, marcando períodos de queda ou até mesmo de interrupção total em carreiras promissoras. Situações tais quais as ocorridas com Maradona e, mais recentemente, com Jóbson estiveram e estão presentes no cenário do futebol brasileiro e mundial.

Para o futebol brasileiro, um exemplo emblemático e atual envolve o jogador Adriano. Depois de ser revelado pelo Flamengo, partiu muito jovem para a Europa, onde conseguiu destaque jogando pela Internazionale de Milão. Com grandes atuações, gols marcados e títulos conquistados, Adriano ganhou o apelido de “Imperador”, a idolatria da torcida, o reconhecimento da mídia e a convocação para a seleção brasileira. Artilheiro e campeão da Copa América de 2004 e da Copa das Confederações de 2005, Adriano cavou seu lugar em uma seleção repleta de astros e cercada de grande expectativa para a disputa e a conquista do título mundial em 2006, na Alemanha. No entanto, a badalada seleção acabou eliminada pela França nas quartas de final, frustrando uma legião de fãs que confiava e esperava o bicampeonato consecutivo da seleção brasileira, na Copa do Mundo de Futebol.

Com a queda na Copa, Adriano voltou à Internazionale, mas, dali em diante, não conseguiu seguir seu ritmo de grandes atuações no ciclo para a próxima Copa do Mundo. Já abalado pela perda de seu pai ocorrida dois anos antes, Adriano passou por momentos pessoais difíceis, que prejudicaram seu rendimento em campo. Sem conseguir manter o bom desempenho nos gramados, voltou ao Brasil, teve um momento de protagonismo ao ajudar o Flamengo na conquista do título brasileiro em 2009, retornou à Itália para jogar na Roma, mas não repetiu suas boas jornadas de outrora. A partir de então, passou por diferentes clubes sem obter sucesso e se encontra desde 2006 sem realizar uma partida profissional. Hoje vive no Rio de Janeiro, perto de sua família e de seus amigos de infância, sendo presença recorrente na Vila Cruzeiro, comunidade em que nasceu.

Adriano representa, assim, um caso interessante de jogador que teve oportunidade de jogar em grandes equipes, conseguiu obter sucesso e reconhecimento, mas que, por questões pessoais, acabou não mantendo-se em alto nível por muito tempo. Uma carreira que parecia seguir o roteiro idealizado do jogador brasileiro que enfrenta as adversidades da infância, passa por cima dos obstáculos e constrói uma trajetória de sucesso no futebol, acabou interrompida precocemente por questões que podem se fazer presentes na vida de todos os seres humanos. A falta de um ente querido, o sentimento de vazio interior ou de não pertencimento a um determinado espaço, podem acabar falando mais alto do que uma sequência impassível no mundo do trabalho, mesmo que nesse âmbito tudo pareça correr bem.

Situações difíceis de ordem pessoal também estiveram presentes nas carreiras de dois outros conhecidos jogadores da atualidade: Higuaín e Ronaldinho Gaúcho. Em ambos os casos, uma doença grave pairou sobre suas famílias através de suas mães. Segundo relatado por Higuaín, em entrevista concedida ao canal argentino Tyc Sports[3], em março de 2018, o momento difícil passado por sua mãe em 2016, fez com que ele quase abandonasse os gramados, pois sentia vontade de estar perto dela. Contrariamente à sua vontade, partiu de sua mãe o pedido para que ele continuasse nos gramados, o que somado à posterior superação da enfermidade, fez com que Higuaín pudesse retomar seu foco no futebol.

Já para Ronaldinho Gaúcho, a situação ocorreu em 2012, devido ao diagnóstico de um câncer em sua mãe, por volta dos meses de abril e maio daquele ano. A notícia veio no momento em que o jogador passava por seu momento mais conturbado no Flamengo, acabando por repercutir nas atuações do jogador em campo. Com a má fase e problemas internos no clube, Ronaldinho se transferiu para o Atlético-MG no mês de junho. Acolhido calorosamente pela torcida do Galo, o jogador retomou sua motivação em jogar futebol, voltando ter boas atuações dentro das quatro linhas.

Em uma entrevista concedida à repórter Maíra Lemos em fevereiro de 2013, o Ronaldinho revelou que pensou em abandonar o futebol para cuidar de sua mãe. No entanto, o carinho que ele recebeu da torcida do Atlético foi fundamental para a mudança de seus pensamentos, fato marcado principalmente na partida entre o clube mineiro e o Grêmio, em setembro de 2012, quando uma faixa com o rosto de sua mãe foi erguida na arquibancada, com os dizeres “Fé em Deus”.

Mensagem de apoio exibida pela torcida do Atlético-MG à mãe de Ronaldinho Gaúcho em 23/09/2012.
Mensagem de apoio exibida pela torcida do Atlético-MG à mãe de Ronaldinho Gaúcho em 23/09/2012.

Os desafios de ordem profissional

Para além de problemas de ordem pessoal, questões profissionais também apresentam desafios aos jogadores de futebol. Cabe destacar assim, de forma inicial, que a própria trajetória até obter um espaço no futebol profissional é marcada por muita dedicação, superação e renúncias. A formação de um jogador nas categorias de base (caminho comumente traçado por aqueles que chegam ao futebol profissional) exige que adolescentes vivenciem as transformações físicas e psicológicas do período em um ambiente altamente competitivo, que lhes exige um senso de responsabilidade e disciplina, talvez não muito comuns em outros jovens da mesma idade.

Entre aqueles que conseguem vencer essas barreiras iniciais e firmar contratos profissionais com grandes clubes, as dificuldades permanecem. Alçados precocemente à vida adulta, esses jovens jogadores comumente carregam as esperanças de toda a família para a obtenção de uma vida melhor. Saber lidar com o sucesso e com a fama são imperativos que se apresentam em suas vidas, a custo de, se não conseguirem reagir bem ao mundo de novidades que lhes são colocadas, eles podem colocar em risco suas carreiras, jogando por terra todos os caminhos que foram traçados.

Sobre isso, inúmeros são os exemplos de jovens jogadores badalados nas categorias de base e/ou em seus primeiros anos como profissionais que, por fatores diversos representados pela realidade do futebol profissional, acabam por não concretizar as expectativas criadas em torno deles. São os casos de Kerlon Foquinha, Lulinha, Celsinho, Jean Chera, Freddy Adu e tantos outros.

Neste sentido, vale um destaque para as dificuldades em se manter na rota dos grandes clubes. A concorrência neste escalão é muito acirrada e questões diversas podem se tornar obstáculos para o acerto ou a renovação de um bom contrato. O insucesso em uma temporada, somado à aparição de um novo talento podem representar, por exemplo, um período de decadência profissional ou até o fim de uma carreira. Em um passado recente, o hoje atacante do Corinthians, Roger, se viu em uma situação similar ao que temos falado:

“No fim de 2015, tinha acabado a temporada no Bahia. E, como em todos os anos, o jogador espera aquele contato, aquela ligação. E não ocorreu. Muitas portas fechadas. E realmente, em dezembro de 2015, falei para a minha esposa que eu me daria a última chance. E foi quando apareceu o RB Brasil, no Campeonato Paulista […][4]”.

Nessa época, o jogador pensou em abandonar o futebol, mas uma proposta o fez mudar de ideia. Depois desse episódio, Roger teve destaque e voltou a jogar na primeira divisão. Antes disso o jogador passou pela apreensão de não saber qual o destino da sua carreira, colocou em xeque sua continuidade como jogador profissional de futebol e acabou por aceitar uma proposta de um clube menor, tendo sido esta a saída encontrada para  continuar a exercer seu trabalho e, posteriormente, reacender a possibilidades maiores na elite do futebol nacional.

É também importante dizer que, mesmo para jogadores que se encontram em uma situação confortável dentro de um grande clube e/ou possuem propostas interessantes de transferência, não há garantias suficientes para o sucesso na profissão. São comuns histórias de jogadores que se veem frente a frente com o “contrato dos sonhos”, mas que quando acertam a transferência e vão para os clubes, nem tudo parece o que prometia ser. Como não lembrar, por exemplo, das transferências de Keirrison e Douglas para o Barcelona?

Em outras situações, o contrato que aparece pode não ser assim tão vantajoso, mas talvez represente uma porta de entrada para o futebol europeu. Nessa caminhada, atletas brasileiros acabam ingressando em equipes pouco conhecidas do velho continente e vivenciando fatos específicos desse tipo de escolha. Como mostrado no relato de Dalbert, a falta de compromisso do clube contratante pode ser um problema:

“No começo tive uma relação complicada com o meu clube, que não cumpriu com a palavra dele, não cumpria com os deveres, não recebia, às vezes precisava ajudar a família e não tinha dinheiro, fiquei ilegal no país, as moradias que não foram nada fáceis, tive de ser guerreiro. A adaptação ao frio foi complicada também, sensação térmica negativa, você tem suas roupas de frio roubadas. Pensei várias vezes em pegar minha passagem e voltar para o Brasil, largar tudo, mas a gente tem um sonho, tem que batalhar para realizá-lo[5]”.

Como visto, ao se transferir para o desconhecido Académico de Viseu, Dalbert teve de lidar com a situação de ver descumpridas várias das obrigações firmadas pelo clube. Diante disso, o desejo de abandonar seu trabalho na Europa e regressar ao Brasil se fez presente em seus pensamentos. No entanto, o compromisso do atleta com o seu sonho acabou falando mais alto e ele permaneceu por lá até que as coisas melhorassem. Hoje, aos 24 anos, Dalbert é lateral esquerdo da Inter de Milão e caminha bem para a obtenção do sucesso no futebol europeu. Ainda pouco conhecido no Brasil, é possível que o jogador siga o roteiro para se consolidar como um “vencedor” no mundo do futebol.

O futebol e seu “Dom de iludir”

Muito embora haja no Brasil um cenário idealizado em torno da vivência desse esporte como profissão, a concretização dessas expectativas perpassa um caminho estreito e se manter equilibrado sobre ele não é algo simples. Nem sempre o sonho é suficiente para que os objetivos sejam atingidos e há casos em que o corpo padece e/ou a mente não consegue lidar com as pressões impostas pelo mundo da bola.

“O futebol parece uma droga, algo viciante, você sente falta disso. Meu pensamento segue igual, meus amigos extracampo não são do futebol, prefiro ficar de fora, até porque o futebol já é algo estressante, você é cobrado sempre de torcida, imprensa, de resultados, até de treinadores, presidente. Eu quero ficar longe, só não sei se vou conseguir[6]“.

Essa entrevista do jogador Rafael Sobis no ano de 2015 auxilia bem na tarefa de desmistificar a idealização da vida de jogadores de futebol. Ao relatar o ambiente estressante envolvido no meio futebolístico, Rafael Sobis mostra seus cuidados para não estar envolvido de forma constante com questões relativas ao futebol, as quais representam sua forma de trabalho, mas que não devem abarcar a totalidade da sua vida.

As questões apresentadas no texto, são apenas algumas dentre as inúmeras adversidades que podem se fazer presentes na vida de um jogador de futebol. Desse modo, é notável que obtenção do sucesso no mundo futebolístico, assim como em outros campos profissionais, não é tarefa fácil. A construção de uma carreira feliz no futebol constitui um caminho cercado de diversos obstáculos, cuja superação depende de doses de elementos como persistência, competência e até mesmo sorte (por que não!?).

A consciência sobre essas questões pode representar um fator fundamental para aqueles que sonham em se tornar jogadores de futebol. Se, por um lado, as simples sugestões não são capazes de garantir o sucesso da empreitada, elas podem auxiliar os passos dos aspirantes a jogadores profissionais no que diz respeito à luz colocada sobre questões menos faladas desse esporte. Podem ser vistas, assim, como uma espécie de remédio para lidar com as maravilhas do futebol e seu “dom de iludir”[7].


[1] O trecho “Quem não sonhou em ser um jogador de futebol” faz parte da letra da música “É uma partida de futebol”, de autoria de Samuel Rosa e Nando Reis e que ficou consagrada na gravação feita pela banda mineira Skank.

[2]  Segundo matéria publicada pelo Globoesporte.com em 23/02/2016, um relatório da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) mostrou que, 96% dos jogadores brasileiros tiveram salários inferiores a R$5.000,00 no ano de 2015.

[3]Visto em: https://www.tycsports.com/nota/seleccion-argentina/2018/03/20/higuain-estuve-a-punto-de-parar-de-jugar.html

[4] Em entrevista concedida no final do jogo do Botafogo contra o Flamengo e divulgada pelo site: <https://sportv.globo.com/site/programas/troca-de-passes/noticia/apos-dois-gols-roger-desabafa-e-revela-que-pensou-em-deixar-o-futebol-em-2015.ghtml>

[5] Dalber em entrevista para o site: <https://www.terra.com.br/esportes/lance/brasileiro-chegou-a-passar-frio-em-portugal-e-hoje-e-lider-do-frances-com-o-nice-pensei-em-parar-de-jogar,770b25a690fbf54c4683b68bbbf5246b4c0tri53.html>

[6]Rafael Sobis em entrevista para o site: http://www.espn.com.br/noticia/519321_agora-trintao-sobis-admite-nao-gostar-do-mundo-do-futebol-e-uma-droga-algo-viciante

[7] Referência à canção de Caetano Veloso.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
Seja um dos 14 apoiadores do Ludopédio e faça parte desse time! APOIAR AGORA

Mauro Lúcio Maciel Júnior

Bacharel em Educação Física - UFMG; Mestrando em Estudos do Lazer - UFMG; Membro do GEFuT - UFMG; Membro do Oricolé - UFMG; Editor Júnior da Revista Licere - UFMG.

Mateus Alexandre Silva

Licenciado em Educação Física pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e membro do Grupo de Estudos sobre Futebol e Torcidas (GEFuT).

Como citar

MACIEL JúNIOR, Mauro Lúcio; SILVA, Mateus Alexandre. “Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?”: reflexões sobre a idealização e as dificuldades de ser um futebolista profissional. Ludopédio, São Paulo, v. 107, n. 5, 2018.
Leia também:
  • 159.16

    Entre grandes premiações e supersalários: como vieram e para onde vão os grandes fluxos de dinheiro no futebol?

    Mauro Lúcio Maciel Júnior
  • 144.34

    Até quando carreiras esportivas serão edificadas sobre o silenciamento e sofrimento de mulheres?

    Marina de Mattos Dantas, Mauro Lúcio Maciel Júnior
  • 111.27

    Entre a razão e a paixão: o futebol como meio de reflexão sobre posicionamentos conflitantes de uma sociedade exaltada

    Mauro Lúcio Maciel Júnior, Flávia Cristina Soares