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Futebol na Literatura de Língua Alemã – Parte VIII: Quando Pelé era uma “Pérola Negra”

Escrever sobre Pelé é um enorme desafio, pois estamos diante de uma das mais famosas figuras míticas do esporte. Maior estrela do futebol brasileiro e, para muitos, do futebol mundial de todos os tempos, Pelé (Edson Arantes do Nascimento; 1940-2022), que nos deixou em 29 de dezembro de 2022, ocupa o panteão formado pelos craques mais seletos do esporte bretão. Além de ter atuado profissionalmente por apenas dois clubes em toda a sua carreira – no Santos Futebol Clube (1956-1974) e no New York Cosmos (1975-1977) –, o camisa 10 defendeu as cores da Seleção Brasileira (1957-1971) em 91 jogos, tendo assinalado 77 gols. Além disso, Pelé foi um grande colecionador de títulos e figura como o maior artilheiro de todos os tempos, tendo marcado mais de 1.000 gols, feito atingido em 1969, com um gol de pênalti assinalado contra o Clube de Regatas Vasco da Gama, em pleno Maracanã, palco maior do futebol brasileiro (KFOURI; COELHO, 2010, p. 17-19). Finda a carreira de jogador, Pelé tornou-se também empresário bem-sucedido. A marca “Pelé” desfruta até hoje de reputação no mercado. Devido a seu prestígio no cenário mundial, Pelé também desenvolveu atividades de filantropia e de representação institucional, como embaixador da FIFA ou mesmo como representante da Confederação Brasileira de Futebol e do Ministério do Esporte.

Portanto, Pelé reúne em sua figura todos os ingredientes para despertar o interesse por sua vida e por seus inúmeros feitos. São vários os livros – biografias autorizadas e não-autorizadas – e filmes que enfocam a vida do jogador. Entre os vários livros, encontramos os seguintes títulos: Eu sou Pelé (1961), primeiro livro sobre o jogador, escrito por Benedito Ruy Barbosa; Jogando com Pelé (1974), cuja autoria é atribuída ao próprio Edson Arantes do Nascimento; De Edson a Pelé: a infância do rei em Bauru (1997), de Luiz Carlos Cordeiro; Pelé: The King of Soccer (1999), de Susan Canizares e Samantha Berger; Pelé: o atleta do século (2000), de Sérgio Xavier Filho; Pelé: os dez corações do rei (2004), de José Castello; My Autobiography (2006), de Edson Arantes do Nascimento em parceria com Allex Bellos e Orlando Duarte; Pelé: minha vida em imagens (2010), obra assinada pelo próprio jogador; Pelé 70 (2010), de Roberto Muylaert, José Roberto Torero, Michael Laurence, entre outros; Pelé: Why Soccer Matters (2015), de Edson Arantes do Nascimento em parceria com Bryan Winter; Pelé: the King of Soccer (2017), de Eddy Simon e Vincent Brascaglia; Pelé: as jóias do rei (2020), de Celso de Campos Jr.

Neste artigo, pretendemos discorrer sobre um dos primeiros livros dedicados à vida e à imagem de Pelé, publicados no Exterior: Schwarze Perle Pelé (1963; Pérola Negra Pelé), do escritor alemão Fritz Hack. Jornalista esportivo, treinador e ex-jogador do VfL Neckarau, do SpVgg Fürth e do TSV 1860 München nos anos 1930 e 1940, Fritz Hack (1917-1991) viveu na América Latina de 1953 a 1967 e publicou vários livros dedicados ao futebol, entre outros, Alfredo Di Stéfano (1964), Jetzt weiß ich alles über den Sport (1968; Agora eu sei tudo sobre o esporte), Könige des Fußballs (1972; Reis do futebol), Tore, die man nie vergißt (1972; Gols que a gente nunca esquece), Fußball ’84 – Europameisterschaft der Nationen (1984; Futebol 84 – Campeonato Europeu de Nações) e Mannschaften des Jahrhunderts (1988; Equipes do Século). O livro Schwarze Perle Pelé, publicado em 1963 pela editora Limpert, na cidade de Frankfurt am Main, tornou-se um bestseller. No período em que esteve na América Latina, Fritz Hack atuou como correspondente da revista Der Fußball-Trainer (O treinador de futebol), publicada pela editora Achalm, na cidade de Reutlingen.

capa do livro Schwarze Perle Pelé
Capa do livro Schwarze Perle Pelé. Fonte: reprodução

A atividade jornalística e sua experiência como ex-jogador e treinador fizeram com que Fritz Hack acompanhasse com competência o futebol latino-americano, sobretudo na Argentina, no Uruguai e no Brasil. Schwarze Perle Pelé, que nos dias de hoje, em termos teóricos, não chamaríamos de “biografia”, uma escrita da vida em um longo período de tempo, mas, sim, de “perfil” daquele que ainda estava em plena atividade, é um documento significativo da construção mítica daquele que se tornaria o “rei do futebol”. A epígrafe, logo no início da obra, é constituída por uma citação de Vicente Feola (1909-1975), técnico campeão do mundo em 1958 com a Seleção Brasileira, que legitima a própria tarefa de se escrever sobre um craque fora de série:

É difícil dizer algo conclusivo sobre o jogador e a pessoa Edson Arantes do Nascimento, “Pelé”. Desde 1922 tenho dirigido e treinado jogadores brasileiros e estrangeiros extraordinários. Nenhum deles se compara a Pelé. Ele reúne todas as qualidades dos grandes nomes antes dele e também acrescenta as suas próprias. É por isso que ele é, por certo, o jogador de futebol mais celebrado do nosso tempo. Mas Pelé também deve sua popularidade à sua modéstia. Ele nunca se esqueceu de que vem de um ambiente pobre de Bauru.

Vicente Ítalo Feola

Diretor técnico do time campeão mundial e da CBD (HACK, 1963, p. 7)[1]

As palavras de um nome de peso como o de Feola, por assim dizer, chancelam o livro e, ao mesmo tempo, sintetizam qualidades de Pelé que justificariam a publicação. Cabe destacar que, no início de 1963, Pelé já era bicampeão mundial pela Seleção Brasileira e se tornaria bicampeão da Copa Libertadores da América e bicampeão mundial pelo Santos Futebol Clube naquele mesmo ano, além de 05 títulos do Campeonato Paulista conquistados entre 1956 e 1962. Nacional e internacionalmente famoso, o futuro “rei do futebol” e “atleta do século”, em seis anos de carreira profissional, aos 23 anos de idade, tinha se tornado um fenômeno esportivo. No capítulo “Este é Pelé…” („Das ist Pelé…“), observamos certos traços estereotipados em relação aos brasileiros:

Copa do Mundo de Futebol de 1958 na Suécia: Os brasileiros escolheram se hospedar fora da cidade em Hindas. Com eles transferiu-se para aquele lugar afastado a felicidade sul-americana. Os jovens futebolistas trouxeram sua leveza e suas canções melódicas para a solidão. Não são todos como crianças, esses brasileiros? Mas especialmente um deles chamou à atenção com seus 17 anos. (HACK, 1963, p. 7)[2]

Nessas e em outras passagens do livro Schwarze Perle Pelé é possível constatar certos juízos de valor emitidos por um narrador aparentemente onisciente, cuja narrativa se baseia em pesquisa detalhada sobre o craque. Ao ethos dos brasileiros construído no texto são atribuídos certos aspectos, entre eles, felicidade (Fröhlichkeit) e leveza (Unbeschwertheit), além de musicalidade de suas canções (ihre melodischen Gesänge), mas também certa infantilização no modo como os jogadores da Seleção se comportavam no centro de treinamento, para concluir argumentativamente com o mais jovem deles, de 17 anos, que chegava ao final da adolescência e ganharia o mundo nas próximas décadas. O período de tempo abarcado pela narrativa vai do nascimento de Pelé no município mineiro de Três Corações, em 1940, aos jogos pela Seleção Brasileira e pelo Santos Futebol Clube na Europa, no início dos anos 1960.

Logo de início é narrada uma cena em que quatro jovens suecas teriam se aproximado de Pelé, para saudá-lo e pedir um autógrafo:

Quatro moças suecas, loiras como um campo de trigo, caçavam com ele, o jovem brasileiro, negro como a noite. ‘Pe ‒ Lä’, elas conseguiam dizer isso rapidamente, mas fora isso não entendiam uma palavra sequer. Porém, a linguagem universal dos corações fez com que elas entendessem muitas coisas. Eram todas crianças. E a criança maior entre elas era o jovem de pele escura. Com lágrimas nos olhos, as loiras suecas se despediram de seus alegres camaradas quando o ônibus com os brasileiros deixou seu mundo solitário e seguiu para Estocolmo. Como despedida, assim como fazem os adultos, elas entregaram sua flâmula do campeonato mundial, e seu companheiro negro da distante América do Sul escreveu nela com uma caligrafia desajeitada: Edson Arantes do Nascimento, Pelé. (HACK, 1963, p. 7-8) [3]

Nota-se nessa passagem de Schwarze Perle Pelé o estabelecimento de uma relação metafórica por comparação, a partir do contraste da cor da pele do jogador brasileiro e das jovens moradoras da pequena Hindas, distante 35 km da cidade de Gotemburgo: a associação da pele clara das jovens suecas é estabelecida pela comparação com “um campo de trigo” (ein Weizenfeld), enquanto o jovem Pelé seria “negro como a noite” (schwarz wie die Nacht). A cor de pele do então promissor craque da Seleção Brasileira é reiterada mais duas vezes nessa passagem: “o jovem de pele escura” (der dunkelheutige Junge) e “seu companheiro negro da distante América do Sul” (der schwarze Spielgefährte aus den fernen Südamerika). Aparentemente, esse modo reiterado de se referir a Pelé como negro reforça o próprio título da obra – Schwarze Perle Pelé – e a associação da imagem do jogador ao epíteto de “Pérola Negra”. Como ornamento precioso, a pérola pode ser lapidada em joalherias e encontrada em diversas cores, predominando a cor creme, mas também nas cores dourada, rosada, verde, azul, e negra. Além disso, a pérola negra é rara, como raro era aquele jovem que se sagraria campeão mundial de futebol pela primeira vez em gramados suecos. Portanto, uma jóia rara que seria lapidada nos anos seguintes e que, mais tarde, se transformaria em ornamento da coroa do “rei do futebol”.

A primeira conquista da Seleção Brasileira na Copa de 1958, em partida realizada contra os anfitriões em 29 de junho, no Estádio Solna-Rasunda, na cidade de Estocolmo, que terminou com o placar de 5×2 (GEHRINGER, 2010, p. 147), com dois gols de Pelé, segundo o narrador de Schwarze Perle Pelé, teria despertado uma onda de euforia e comemoração entre os torcedores brasileiros presentes ao estádio e do outro lado do oceano, e teria marcado o início de uma era para o futebol brasileiro e mundial:

Com alegria exuberante, os brasileiros comemoraram sua primeira conquista da Copa do Mundo em Estocolmo. O Rio de Janeiro deu cambalhotas, o Pão de Açúcar – montanha e símbolo desta cidade – tremeu. Mas, apesar de toda a sua fama, Pelé continuou sendo uma criança. Fugiu para os braços do veterano N. Santos, e Nilton o consolou: “Chore, meu menino, o título também é teu!” A partir de hoje o Brasil vive para Pelé, o Brasil fala de Pelé, o Brasil se desespera por Pelé! (HACK, 1963, p. 8) [4]

Em Schwarze Perle Pelé, o narrador se vale de diversos materiais para atestar a veracidade dos aspectos e eventos narrados, de modo que os comentários citados e as entrevistas legitimam sua argumentação e lhe atribuem autoridade. Um exemplo disso é a seguinte passagem, em que o trecho de uma matéria do jornal A Gazeta Esportiva é citado, no qual a qualidade extraordinária de Pelé é enfatizada:

Pelé se tornou o ídolo dos brasileiros, sim, de todo o futebol mundial. O diário ‘A Gazeta Esportiva’ de São Paulo, o mais importante jornal esportivo da América Latina, escreve sobre ele:

“Existem símbolos para todas as épocas e em todos os âmbitos da vida. Colombo, o descobridor da América, é um símbolo da história mundial. Falar de Colombo é falar do Novo Mundo.

Gagarin, o Colombo do cosmos, é um símbolo do século XX, a era tecnológica que trouxe a incursão do homem no espaço interplanetário.

Pelé também é um símbolo, um símbolo na era do esporte!” (HACK, 1963, p. 10) [5]

Esse próprio modo de lidar com o tempo, lançando mão de flashbacks e flash forwards, que passa da Copa do Mundo de 1958 para os tempos de infância de Pelé nos anos 1940, retornando aos primeiros anos da década de 1960, com jogos da Seleção Brasileira e também do Santos Futebol Clube na Europa, também está presente nessa citação. Esse aspecto se estabelece até mesmo com o auxílio do trecho extraído d’A Gazeta Esportiva, pois a menção ao cosmonauta soviético Iuri Gagarin como sendo uma personagem que teria marcado uma nova era na corrida espacial, em plena Guerra Fria, ao se tornar o primeiro ser humano a viajar pelo espaço em 12 de abril de 1961, a bordo da nave Vostok I, também marca os vetores temporais envolvidos na narrativa: 1940, 1958, 1961 e 1962.

Por sua vez, não deixa de haver em Schwarze Perle Pelé certa “divinização” da figura do craque a partir da menção de seu significado para a população brasileira e para o próprio país, conforme atesta a seguinte passagem:

Mas isso não diz tudo. Seus fãs o idolatram, consideram-no um ser sobrenatural. Para se ter apenas uma vaga ideia do que Pelé significa para o Brasil, basta dizer que um selo de Pelé foi lançado, uma rua recebeu seu nome e a ideia de homenageá-lo em vida começa a tomar forma, no afã de erguer-lhe um monumento ainda em vida. No primeiro aniversário da fundação da nova capital, Brasília, um dos atos oficiais foi a chegada de Pelé, que foi recebido na saída do avião por altas personalidades brasileiras e apresentado a seus entusiastas admiradores como ‘propriedade do Estado’. (HACK, 1963, p. 10) [6]

Portanto, o narrador de Schwarze Perle Pelé enfatiza, de maneira recorrente, o significado que Pelé adquirira tanto no Brasil, quanto no Exterior, como atleta singular, admirado e venerado mundo afora. A seguinte passagem evidencia esse aspecto de maneira inequívoca:

O ‘deus negro do domingo’ não é apenas reverenciado em sua pátria. Existem fã clubes de Pelé em quase todos os países da América do Sul.

Mas também para além de sua pátria latino-americana: quem não conhece Pelé? Em todos os estados membros da FIFA, essa ONU do futebol, a maior associação mundial, o nome Pelé tornou-se um conceito, um símbolo. Como um símbolo de habilidades futebolísticas individuais e também como um símbolo de integração na equipe como um todo.

O mais conhecido e popular embaixador do Brasil em todos os continentes é o ex-engraxate da pequena cidade de Três Corações, o Rockefeller da bola de couro. (HACK, 1963, p. 10-11) [7]

Além de seu significado extraordinário e de ser uma celebridade internacional já no início dos anos 1960, Pelé também é apresentado em Schwarze Perle Pelé como um jogador de uma técnica elevada, desenvolvida e aprimorada desde os tempos de infância nos anos 1940, na cidade de Bauru, no interior do Estado de São Paulo. Pelé seria a “estrela do time” tanto no Santos, quanto na Seleção:

Malabarista com a bola e lutador do seu clube e da seleção, a estrela do time – esse é o Pelé!

Técnica e taticamente, Pelé consegue fazer tudo. Nada é impossível para ele, tudo é possível no futebol. Ele combina inspiração e execução de suas ideias por conta própria. Pelé combina tudo isso, sem contar que possui uma cabeça inteligente e duas pernas rápidas. E nessas pernas está o temperamento das danças sul-americanas. Seu cérebro é o de um regente. (HACK, 1963, p. 11) [8]

Como é recorrente em narrativas que cristalizaram o mito do “futebol arte” associado a jogadores brasileiros e ao Brasil, o narrador de Schwarze Perle Pelé também não se furta a associar o movimento corporal do jogador com “danças sul-americanas” (südamerikanische Tänze). Reverbera, aqui, a famosa crônica de Gilberto Freyre, intitulada “Foot-ball mulato” e publicada em junho de 1938, durante a Copa da França, na qual o famoso autor de Casa Grande e Senzala (1933) e Sobrados e Mucambos (1936) designa o estilo do futebol brasileiro como “dionisíaco”, distinto do futebol europeu, “apolíneo”: “No foot-ball, como na política, o mulatismo brasileiro se faz marcar por um gosto de flexão, de surpresa, de floreio que lembra passos de dança e de capoeiragem. Mas sobretudo de dança. Dança dionisíaca. Dança que permita o improviso, a diversidade, a espontaneidade individual. Dança lírica.” (FREYRE, 1938)

Outro aspecto interessante a se notar nessa narrativa biográfica é que o narrador autoral também se faz presente em alguns momentos, como revela a seguinte passagem de Schwarze Perle Pelé, em que Fritz Hack, empiricamente, procura aferir o quão popular era Pelé entre alemães, no início dos anos 1960:

Em minha última viagem pela Alemanha, perguntei a cerca de 200 pessoas, nos restaurantes, nos cafés, no trem, conhecidos e desconhecidos, homens e mulheres que nada têm a ver diretamente com futebol: “Qual é o nome do presidente do Brasil e quem é Pelé?” Menos de dez sabiam o nome do chefe de estado do maior país latino-americano, mas 130 sabiam quem é Pelé! (HACK, 1963, p. 11) [9]

Outra característica do discurso laudatório que compõe a narrativa de Schwarze Perle Pelé é o emprego intenso de termos comparativos e superlativos, como modo de expressão do caráter excepcional do biografado. Além destes, outra estratégia adotada por Fritz Hack é associar Pelé a outras figuras do esporte na primeira metade do século XX, que também gozavam de popularidade mundo afora devido à performance elevada, não só nos gramados, mas também, nas pistas de atletismo, nas piscinas, nas quadras, nos ringues e autódromos:

Quem nomeia os maiores do esporte mundial, quem fala em Dempsey, Nurmi, Joe Louis, Tilden, Harbig, Schmeling, Jonny Weissmüller, Coppi, Fangio, Jessé Owens, Armin Harry, deve citar também Pelé! Certamente Pelé é o jogador de futebol mais extraordinário de nossos dias. Mas há muito poucos campeões de destaque como ele em meados deste século, desde que o futebol organizado existe. Muito, muito poucos: Talvez Orth na Europa Central, Matthews nas Ilhas Britânicas, Di Stefano e Puskas no sul da Europa, Fritz Walter na Alemanha, Andrade, Ademir e Labruna na América do Sul.

E Pelé para o mundo inteiro. (HACK, 1963, p. 12) [10]

Portanto, Pelé estaria acima de todos os jogadores citados: o húngaro György Orth, falecido em 1962; o inglês Stanley Matthews; o argentino Alfredo Di Stefano, craque do Real Madrid; o húngaro Ferenc Puskás, naturalizado espanhol e também craque do Real Madrid; o alemão Fritz Walter, capitão da seleção campeã mundial de 1954; o uruguaio José Leandro Andrade, a “Maravilha Negra” da Olimpíada de 1924 em Paris; o brasileiro Ademir de Menezes, integrante da Seleção Brasileira da Copa de 1950; o argentino Ángel Amadeo Labruna, craque do River Plate e da seleção argentina nos anos 1940 e 1950.

Se no capítulo “Das ist Pelé…” (“Este é Pelé…”) predomina a narrativa sobre os grandes feitos e o caráter extraordinário da “Pérola Negra”, no capítulo “Die Füße eines Jungen erobern die Welt!” (“Os pés de um garoto conquistam o mundo!”) ocorre um flashback, nos tempos em que o jovem Edson Arantes do Nascimento chegou à Vila Belmiro, trazido por Waldemar de Brito, ex-jogador e treinador de futebol. Mais uma vez, citações são empregadas no intuito de legitimar os aspectos narrados:

“Trago a vocês a maior descoberta futebolística das últimas décadas.” Com essas palavras, o técnico Valdermar de Brito apresentou ao técnico do clube, no estádio do Santos Futebol Clube, na Vila Belmiro, um garoto negro, magro, tímido, de apenas 16 anos.

“Bem, não exagere”, disse Lula. “Temos talento suficiente. Mas poucos sobrevivem. Esses meninos, a maioria dos quais vem das ‘favelas’, não toleram a disciplina e o treinamento duro. Os pais não cuidaram deles o suficiente.” (HACK, 1963, p. 12) [11]

Toda a construção argumentativa do capítulo “Die Füße eines Jungen erobern die Welt!” (“Os pés de um garoto conquistam o mundo!”), de Schwarze Perle Pelé, é centrada na imagem de “um conto de fadas moderno” (ein modernes Märchen), em que um garoto pobre, que teria dado seus primeiros chutes em uma bola na cidade interiorana de Bauru, após seus pais terem deixado sua cidade natal, Três Corações, quando ainda era muito pequeno, chegaria a um clube que poderia contratá-lo:

Pelé recebeu um pequeno contrato mensal para a terceira divisão.

Cinco anos depois, o pobre menino negro que, como muitos de seus colegas, era engraxate, deu o salto para o estrelato no futebol e ficou milionário. Um conto de fadas moderno tornou-se realidade. Os pés de um menino negro conquistaram o mundo! (HACK, 1963, p. 13) [12]

Todavia, mais uma vez, ocorre novo flashback, de modo que a narrativa é situada no início dos anos 1940, na casa paterna, ainda na cidade mineira de Três Corações:

No dia 21 de outubro de 1940, a alegria tomou conta de um pobre casebre assolado pelo vento e pelo tempo, na pequena cidade brasileira de Três Corações: nasceu o primeiro filho de Dondinho, jogador de futebol. Dona Celeste, cheia de ternura, resistiu com todos os seus pensamentos ao desígnio do pai, que já via no menino a realização de todos os desejos que a ele mesmo como jogador de futebol haviam sido negados. Porque Dondinho ganhava muito pouco como jogador na pequena cidade. Era muito pouco para viver, muito para morrer. (HACK, 1963, p. 13) [13]

Nesse capítulo de Schwarze Perle Pelé, Dondinho (João Ramos do Nascimento) recebe destaque especial. Além de ser narrado sobre sua carreira frustrada de jogador de futebol, encerrada no Bauru Atlético Clube (BAC), da qual ele teve de abrir mão para se tornar funcionário de uma escola pública em Bauru, a fim de sustentar sua família, o próprio Pelé é citado. Em suas palavras, constata-se a idolatria com que ele venerava o pai:

Numa fantasia que só pode ser explicada pelo grande amor que sente pelo pai, Pelé conta sobre ele:

“Meu pai, que respeito e admiro muito, foi um grande craque do futebol. Dedico a ele o que conquistei até agora e o que ainda espero alcançar. Destina-se a ser um tributo à sua habilidade e grande classe. Meu pai sempre foi um exemplo brilhante para mim durante os anos em que comemorei meus primeiros triunfos. Eu sempre quero imitá-lo…” (HACK, 1963, p. 14) [14]

É interessante notar nessa passagem de Schwarze Perle Pelé que o narrador autoral emite seu juízo de valor em relação a Dondinho e ao fato de o filho considerá-lo “um grande craque do futebol”, algo que só poderia ser resultante de “fantasia” ou do sentimento de “amor”. Fato é que Dondinho é apresentado no livro como um jogador decadente:

Dondinho mudou-se para lá e para cá, alimentado pela grande ilusão de que seu sonho futebolístico um dia poderia se tornar realidade. […] Em busca da glória futebolística, logo deixou Três Corações, mas sem poder se fixar em outro lugar. Quando achou que havia conseguido o que queria e foi aceito pelo Fluminense Sport Club, outro fiasco o obrigou a enterrar o sonho de se tornar um grande jogador de futebol. Pois naquele jogo decisivo para ele no famoso time do Rio de Janeiro, Dondinho não viu a cor da bola, o fracasso foi tão grande que o técnico do Fluminense o tirou do time no intervalo, por sentir que o estreante jogava mais pelo adversário do que pelo próprio time. (HACK, 1963, p. 13) [15]

Por fim, o narrador autoral é categórico ao avaliar o modo como Pelé, posteriormente, venera o pai, construindo uma imagem afetiva de grande craque de futebol que não corresponderia aos fatos: “Dondinho posteriormente se tornou um craque. Seu filho Pelé se lembra dele assim. Isso é o decisivo. Pelé, já multimilionário, construiu um altar em memória do pai” (HACK, 1963, p. 14).[16] Todavia, a realidade era muito mais dura: “De seus sonhos futebolísticos, não restou a Dondinho sequer as chuteiras, que a mulher vendeu para um trapeiro” (HACK, 1963, p. 14).[17]

Pelé
Estátua “Soco no Ar”, em homenagem a Pelé, localizada às margens da Rodovia Fernão Dias, no Km 754, em Três Corações, Minas Gerais. Foto: Elcio Loureiro Cornelsen

Um perfil biográfico com traços de literariedade: a guisa de conclusão

Quando lemos uma biografia, temos a expectativa de que ela signifique a escrita (grafia) da vida (bio) de uma personalidade. Na escrita da vida do outro, na “biografia”, sempre é apresentada uma “história de vida”, e tal “história” dialoga tanto com a História, quanto com a Literatura. Teóricos de renome, entre eles, François Dosse em O desafio biográfico: escrever uma vida (2009), procuram delimitar em suas obras as especificidades do gênero biográfico, sem, entretanto, deixar de ressaltar o caráter ficcional que, muitas vezes, perpassa tais obras. Para o teórico francês, trata-se de um “gênero híbrido” (DOSSE, 2009, p. 55) que se move entre verdade e imaginação. Neste caso, o recurso à ficção surge como algo inevitável: “Não apenas o biógrafo deve apelar para a imaginação em face do caráter lacunar de seus documentos e dos lapsos temporais que procura preencher como a própria vida é um entretecido constante de memória e olvido.” (DOSSE, 2009, p. 55) E as biografias, geralmente, apresentam alguns procedimentos comuns: a ordem cronológica; a centralização do foco no “herói da biografia”; o recurso às fontes e às testemunhas como acesso ao “verídico”; o método historiográfico de comparação e confirmação das fontes; o pacto de veracidade e a falta de acesso à “vida interior” do biografado.

Portanto, por seu caráter híbrido, toda biografia implica a aproximação entre o discurso literário, o discurso jornalístico e, respectivamente, o discurso histórico. Entretanto, a biografia não prescinde de elementos ficcionalizantes, ao contrário. Conforme bem aponta Ivan Cavalcanti Proença na obra Futebol e Palavra, a “literariedade” pode se estabelecer a partir do emprego de “metáforas, símiles e hipérboles” (PROENÇA, 1981, p. 28). A própria onisciência aparente do narrador de Schwarze Perle Pelé e o emprego constante de metáforas e de juízos de valor são indícios disso. Por esse motivo uma biografia pode apresentar elementos romanescos, e o livro de Fritz Hack não é uma exceção. O escritor alemão não só colaborou para a construção discursiva do mito de Pelé, como também auxiliou a divulgá-lo, quando este ainda era jovem e estava em plena atividade.

Notas

[1] Todas as traduções do Alemão são de nossa autoria. No original:

Es ist schwer, den Leuten über den Spieler und Menschen Edson Arantes do Nascimento „Pelé“ etwas Zusammenfassendes zu sagen. Seit 1922 dirigiere und trainiere ich außergewöhnliche brasilianische und ausländische Spieler. Keiner von ihnen ist mit Pelé vergleichbar. Er vereinigt alle Qualitäten der Größen vor ihm und seine eigenen dazu. Deshalb ist er wohl auch der gefeiertste Fußballer unserer Zeit. Seine Popularität verdankt Pelé aber auch seiner Bescheidenheit. Er hat nie vergessen, daß er aus ärmlichen Verhältnissen in Baurú kommt.

Vicente Ítalo Feola

technischer Direktor der Weltmeisterelf und der CBD

[2] No original:

Fußballweltmeisterschaft 1958 in Schweden: Die Brasilianer hatten abseits der Stadt in Hindas ihr Quartier gewählt. Mit ihnen zog südamerikanische Fröhlichkeit an den abgelegenen Ort. Die jungen Fußballer brachten ihre Unbeschwertheit und ihre melodischen Gesänge in die Einsamkeit.

Waren sie nicht alle wie Kinder, diese Brasilianer? Aber einer unter ihnen fiel mit seinen 17 Jahren besonders auf.

[3] No original:

Mit ihm, dem jungen Brasilianer, schwarz wie die Nacht, jagten vier schwedische Mädchen, blond wie ein Weizenfeld. ‘Pe – Lä’, das konnten sie schnell sagen, aber sonst verstanden sie kein Wort. Doch ließ sie die Weltsprache der Herzen vieles begreifen. Sie waren noch alle Kinder. Und das größte Kind unter ihnen war der dunkelheutige Junge. Die blonden Schwedinnen winkten mit Tränen in den Augen ihren lustigen Kameraden nach, als der Omnibus mit den Brasilianern ihre einsame Welt verließ und nach Stockholm fuhr. Zum Abschied hatten sie genau wie die Großen ihren Weltmeisterschaftswimpel hingereicht, und der schwarze Spielgefährte aus dem fernen Südamerika hatte mit ungelenker Handschrift darauf geschrieben: Edson Arantes do Nascimento, Pelé.

[4] No original:

In überschwänglicher Freude feierten die Brasilianer in Stockholm ihren ersten Weltmeisterschaftssieg. Rio de Janeiro schlug Purzelbäume, der Zuckerhut – Berg und Symbol dieser Stadt – wackelte. Aber Pelé blieb bei allem Ruhm ein Kind. In die Arme des abgeklärten Veteranen N. Santos flüchtete er sich, und Nilton tröstete ihn: „Weine dich man aus, mein Junge, der Titel gehört auch dir!“

Von diesem Tag an lebt Brasilien für Pelé, Brasilien spricht von Pelé, Brasilien verzweifelt wegen Pelé!

[5] No original:

Pelé wurde zum Idol der Brasilianer, ja, der ganzen Fußballwelt. Die ‘A Gazeta Esportiva’ in São Paulo, die bedeutendste Sport-Tageszeitung Lateinamerikas, schreibt über ihn:

„Symbole gibt es für jede Zeitepoche und auf allen Gebieten des Lebens. Kolumbus, der Entdecker Amerikas, ist ein Symbol der Weltgeschichte. Von Kolumbus zu sprechen, heißt, von der neuen Welt zu sprechen.

Gagarin, der Kolumbus des Kosmos, ist ein Symbol des 20. Jahrhunderts, des technischen Zeitalters, das das Eindringen des Menschen in den interplanetarischen Raum brachte.

Auch Pelé ist ein Symbol, ein Symbol im Zeitalter des Sportes!“

[6] No original:

Aber damit ist nicht alles gesagt. Seine Anhänger vergöttern ihn, betrachten ihn als ein übernatürliches Wesen. Um nur reine vage Idee davon zu bekommen, was Pelé für Brasilien bedeutet, genügt es zu hören, daß man eine Pelé-Briefmarke herausbrachte, eine Straße nach ihm benannte und daß mehr und mehr der Gedanke Form annimmt, ihm schon zu Lebzeiten ein Denkmal zu setzen. Am ersten Jahrestag der Gründung der neuen Hauptstadt Brasília war einer der offiziellen Akte die Ankunft von Pelé, der am Flugzeug von hohen Würdenträgern Brasiliens empfangen und seinen begeisterten Verehrern als ‘Staatseigentum’ vorgestellt wurde.

[7] No original:

Nicht nur in seinem Vaterland wird der ‘schwarze Gott des Sonntags’ so verehrt. In fast allen Ländern Südamerikas gibt es Pelé-Klubs.

Aber auch über seine lateinamerikanische Heimat hinaus: wer kennt nicht Pelé? In allen Mitgliedsstaaten der FIFA, dieser UNO des Fußballs, des größten Weltverbandes, ist der Name Pelé zum Begriff, zum Sinnbild geworden. Zum Sinnbild des individuellen Fußballkönnens und doch auch zum Sinnbild der Einordnung in das Mannschaftsganze.

Brasiliens bekanntester und beliebtester Botschafter in allen Erdteilen ist der ehemalige Schuhputzer aus dem Städtchen Três Corações (Drei Herzen), der Rockefeller des runden Leders.

[8] No original:

Gaukler mit dem Ball und Kämpfer für seinen Klub und die Länderelf, der Stern der Mannschaft – das ist Pelé!

Technisch und taktisch, Pelé kann alles. Für ihn ist nichts unmöglich, sondern alles möglich im Fußball. Er verbindet Eingebung und Ausführung seiner Ideen in eigener Regie. All das vereinigt Pelé in sich, ganz abgesehen davon, daß er einen intelligenten Kopf und zwei schnelle Beine hat. Und in diesen Beinen steckt das Temperament südamerikanischer Tänze. Sein Gehirn ist das eines Dirigenten.

[9] No original:

Auf meiner letzten Reise durch Deutschland fragte ich etwa 200 Personen, Menschen in den Gaststätten, in den Cafés, in der Eisenbahn, Bekannte und Fremde, Männer und Frauen, die mit dem Fußball nichts direkt zu tun haben: „Wie heißt Brasiliens Staatspräsident und wer ist Pelé?“ Keine zehn kannten den Namen des Staatsoberhauptes des größten lateinamerikanischen Landes, aber 130 wußten, wer Pelé ist!

[10] No original:

Wer die Größten der Sportwelt nennt, wer von Dempsey, Nurmi, Joe Louis, Tilden, Harbig, Schmeling, Jonny Weissmüller, Coppi, Fangio, Jessé Owens, Armin Harry spricht, der muß auch Pelé nennen! Sicherlich ist Pelé der außergewöhnlichste Fußballer unserer Tage. Überragende Meister wie ihn aber gibt es nur sehr wenige in dem halben Jahrhundert, seitdem es einen organisierten Fußballsport gibt. Nur sehr, sehr wenige: Vielleicht Orth in Mitteleuropa, Matthews auf den Britischen Inseln, Di Stefano und Puskas im südlichen Europa, Fritz Walter in Deutschland, Andrade, Ademir und Labruna in Südamerika.

Und Pelé für die ganze Welt.

[11] No original:

„Ich bringe euch die größte Fußballentdeckung der letzten Jahrzehnte.“ Mit diesen Worten stellte der Trainer Valdemar [sic] de Brito einen schmalen, kaum 16jährigen verschüchterten Negerknaben im Stadion des FC Santos in Vila Belmiro dem Klubtrainer vor.

„Na, übertreibe man nur nicht“, sagte Lula. „Talente gibt es bei uns genug. Aber nur wenige halten durch. Die Disziplin und das harte Training vertragen solche Jungen nicht, die meisten aus den ‘Favelas’ kommen. Die Eltern haben sich zu wenig um sie gekümmert.“

[12] No original:

Pelé erhielt einen kleinen Monatsvertrag für die dritte Division.

Fünf Jahre später hatte der arme Negerjunge, der wie viele seiner Artgenossen Schuhputzer war, den Sprung zum Ruhm und zum Millionär des Fußballs vollzogen. Ein modernes Märchen war Wirklichkeit geworden. Die Füße eines Negerjungen hatten die Welt erobert!

[13] No original:

In einem alten, von Wind und Wetter verwaschenen Häuschen in dem brasilianischen Städtchen Três Corações (Drei Herzen) zog am 21. Oktober 1940 Freude ein: Dem Fußballspieler Dondinho war das erste Kind geboren worden. Die von Zärtlichkeit erfüllte Dona Celeste sträubte sich mit allen Gedanken gegen das Vorhaben des Vaters, der in dem Jungen schon die Erfüllung all der Wünsche sah, die ihm selbst als Fußballspieler versagt geblieben waren. Denn Dondinho verdiente in dem kleinen Städtchen als Kicker sehr schlecht. Es war zu wenig zum Leben, zu viel zum Sterben.

[14] No original:

In einer nur aus seiner großen Liebe zu dem Vater erklärlichen Phantasie erzählt Pelé über ihn:

„Mein Vater, den ich sehr verehre und bewundere, war ein großer Fußballstar. Ihm widme ich, was ich bisher geleistet habe und was ich noch zu leisten hoffe. Es ist als Ehrung seiner Fähigkeiten und seiner großen Klasse gedacht. Mein Vater war mir während der Jahre, in denen ich meine ersten Triumphe feierte, immer leuchtendes Vorbild. Ich möchte ihm stets nacheifern…“

[15] No original:

Dondinho, von der großen Illusion getragen, daß sich seinen Fußballtraum doch einmal erfüllen möge, zog hierhin und dorthin. […] Auf der Suche nach Fußballruhm verließ er schon bald Três Corações, jedoch ohne anderswo seßhaft werden zu können. Als er schon glaubte, das Ziel seiner Wünsche erreicht zu haben und er vom Klub Fluminense angenommen wurde, zwang ihn ein weiteres Fiasko, seinen Traum vom großen Fußballer zu begraben. Denn in diesem für ihn entscheidenden Spiel in der berühmten Elf von Rio de Janeiro sah Dondinho keinen Ball. So groß war sein Versagen, daß der Trainer von Fluminense ihn in der Pause aus der Mannschaft nahm, da er den Eindruck hatte, der Neuling spiele mehr für den Gegner als für seine eigene Mannschaft.

[16] No original:

Dondinho wurde nachträglich zum Crack. Sein Sohn Pelé hat ihn eben so in der Erinnerung. Das ist das Entscheidende. Pelé, heute Multimillionär, hat dem Andenken seines Vaters einen Altar errichtet.

[17] No original:

Von seinen Fußballträumen waren Dondinho nicht einmal seine Fußballschuhe geblieben, die seine Frau später einem Lumpenhändler verkaufte.

Referências bibliográficas

DOSSE, François. O desafio biográfico: escrever uma vida. Trad. Gilson César Cardoso de Souza, São Paulo: Edusp, 2009.

FREYRE, Gilberto. Foot-ball mulato. Diário de Pernambuco. Recife, 17 de junho de 1938. Disponível em: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/07/03/football-mulato-305261.asp . Acesso em: 23 jan. 2020.

GEHRINGER, Max. Almanaque dos Mundiais: os mais curiosos casos e histórias de 1930 a 2006. São Paulo: Ed. Globo, 2010.

HACK, Fritz. Schwarze Perle Pelé. Frankfurt a.M.: Limpert-Verlag, 1963.

KFOURI, Juca; COELHO, Paulo Vinicius. Pelé. In: KFOURI, Andre; COELHO, Paulo V. Os 100 melhores jogadores brasileiros de todos os tempos. Rio de Janeiro: ESPN/Pocket Ouro, 2010b, p. 17-19.

PROENÇA, Ivan Cavalcanti. Futebol e Palavra. Rio de Janeiro: José Olympio, 1981.

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Elcio Loureiro Cornelsen

Membro Pesquisador do FULIA - Núcleo de Estudos sobre Futebol, Linguagem e Artes, da UFMG.

Como citar

CORNELSEN, Elcio Loureiro. Futebol na Literatura de Língua Alemã – Parte VIII: Quando Pelé era uma “Pérola Negra”. Ludopédio, São Paulo, v. 170, n. 8, 2023.
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