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Jogos Olímpicos de Tóquio 202?

 Tóquio 2020
As incertezas sobre Tóquio 2020. Foto: Reprodução/Agência Brasil

Adiados há exatos 365 dias, os Jogos Olímpicos de Tóquio ainda estão em processo de adaptação, devido aos cuidados sanitários necessários em relação à pandemia de coronavírus. No último dia 5, o Comitê Organizador da cidade-sede da competição afirmou que não há possibilidade do evento ser prorrogado novamente, logo, a data prevista para seu início continua sendo julho de 2021.

A circulação da Covid-19 ainda é uma barreira significativa para a volta daquilo que o mundo chamava de normalidade. Estádios lotados, arquibancadas cheias, torcedores circulando ao redor dos espaços esportivos, entre tantos outros cenários, essas sempre foram as situações que a imprensa costumava apresentar durante uma cobertura de qualquer episódio esportivo. Porém, na Olímpiada de Tóquio, isso será parcialmente evitado.

Mesmo diante das incertezas, os relógios da capital japonesa continuam marcando a contagem regressiva para os Jogos e, agora, estão mais perto do que nunca de serem zerados. No entanto, podemos encarar como um dia a mais ou um a menos?

A situação e a posição japonesa

O Comitê Olímpico Internacional (COI), em decisão conjunta ao governo japonês e ao Comitê Paralímpico Internacional (IPC), no último dia 20, determinou, em reunião, que somente japoneses e estrangeiros residentes no país terão permissão para comprar ingressos e ver de perto as emoções de cada modalidade olímpica. As pessoas presentes nos locais de competição também receberão orientações quanto ao distanciamento social e ao fato de que precisarão evitar cantos e gritos.

Seiko Hashimoto
Seiko Hashimoto: uma das principais figuras responsáveis pela organização japonesa em relação aos Jogos Olímpicos e à pandemia. Foto: Reprodução/Agência Brasil

A presidente do Comitê Organizador Japonês, Seiko Hashimoto, declarou, durante uma coletiva de imprensa:

“No momento a situação da Covid no Japão e em muitos outros países é muito desafiadora. Há restrições globais. As partes do lado japonês não poderiam garantir a entrada de torcedores do exterior sem afetar a segurança dos Jogos para os participantes e para o povo japonês. O COI e o IPC mostraram respeito e aceitaram esta conclusão. Estes Jogos serão completamente diferentes dos outros, mas a essência será a mesma, com os atletas dando o melhor e inspirando o mundo”.

O CEO do COI, Toshiro Muto, afirmou que não há possibilidade de um novo adiamento dos Jogos. Segundo ele, uma nova proposta como a que foi apresentada em março do ano passado não terá respaldo internacional suficiente para a confirmação de outra prorrogação. Além disso, Muto defendeu que os atletas não tem condições de treinarem por mais um ano em meio às incertezas e à pressão que o atual momento impõe.

Em relação à presença dos voluntários nas Olimpíadas, o COI informou, no dia 22 de março, que seria estudada a possibilidade de 500 estrangeiros entrarem no Japão para exercerem funções específicas e que seriam pouco ofertadas no país. Antes da pandemia, a expectativa era que o evento acolhesse aproximadamente 80 mil voluntários. Com o fim do estado de emergência decretado nesse mesmo dia, mais de 100 pessoas, entre atletas e treinadores, conseguiram acesso ao Japão e foram submetidos aos exigentes protocolos sanitários do país.

Mesmo diante das incertezas, os relógios de Tóquio continuam contando os dias para os Jogos e, agora, estão mais perto do que nunca de serem zerados.

A realidade brasileira

O ano de 2020, sem dúvidas, foi um dos mais caóticos da história brasileira. O coronavírus se disseminou em todos os lugares do país e, infelizmente, ceifou inúmeras vidas, para ser mais exata, 303 mil até às 14h10 de hoje (26/03). 

Entre quarentena, adiamentos de eventos, distanciamento social, uso de máscara e álcool em gel, falta de apoio tanto governamental quanto populacional, e mesmo com a vacinação iniciada, atualmente não houve avanços no processo de contenção da doença no território brasileiro.

O único progresso intenso foi o do próprio coronavírus, que manifestou outras variantes e agora, as pessoas precisam adotar cuidados em dobro.

A prática do esporte no Brasil, assim como em todo o globo, também foi afetada e, claramente, os atletas que almejavam uma vaga nas Olimpíadas de Tóquio precisaram readaptar todo o seu calendário. Um ano depois, hoje, já conhecemos algumas classificações brasileiras para os Jogos Olímpicos.

O handebol do Brasil conquistou sua vaga para Tóquio 2020. Foto: Reprodução/Confederação Brasileira de Handebol

Em março de 2020, o ranking olímpico seria fechado, mas a pandemia impediu que a janela de classificação fosse finalizada. Foi justamente graças a isso que Seleção Brasileira de Handebol conseguiu uma nova chance, venceu a péssima campanha que vinha apresentando e, em 2021, depois do saldo positivo diante do Chile (26 a 24), conquistou uma vaga para os Jogos.

Nathalie Moalhausen competiu pela primeira vez desde o início da pandemia, no dia 21 de março, na última competição que poderia lhe render vaga nas Olimpíadas. Apesar de ter sido eliminada nas oitavas de final da Copa do Mundo de Espada, em Kazan, na Rússia, e ocupar a 9ª colocação da competição, ela se manteve na posição de melhor atleta das Américas e garantiu sua vaga nos Jogos.

Felipe Wu, do tiro esportivo, também teve uma nova oportunidade, devido ao não fechamento do ranking no ano passado. Também no dia 21 desse mês, o atleta vivenciou sua última competição que poderia render pontos na classificação. Na ocasião, ele ocupava o 79º lugar e após o fim da disputa, subiu para a 10ª colocação e assegurou uma vaga para o torneio em Tóquio.

O número de atletas brasileiros garantidos no evento - hoje, 197 - tende a aumentar, até o início dos Jogos Olímpicos, previsto para 23 de julho. Porém, enquanto o sol nasce lá no Japão com as preocupações em relação aos inúmeros protocolos sanitários e à contenção do coronavírus, no Brasil, ele se põe com ainda mais incertezas, principalmente em relação à vacinação ser garantida para todos até o fim do ano.

Até vejo uma luz no fim do túnel, mas não consigo imaginar sua extensão. O único túnel que posso mensurar é o do Estádio Olímpico de Tóquio, e a única luz que consigo discernir no momento é a da tocha olímpica, que passeará justamente nesse Estádio, dessa vez com a presença reduzida da torcida e dos atletas. Com o lema “esperança ilumina nosso caminho”, o revezamento da tocha começou no dia 25 de março, em Fukushima, e segue até 23 de julho.

Jogos Olímpicos
Marcando a contagem regressiva de 4 meses até o início dos Jogos Olímpicos, a chama olímpica chegou ao Japão. Foto: Reprodução/Agência Brasil

Um ano nunca foi tão atípico quanto 2020. E a população me parece querer seguir no mesmo ritmo em 2021. Não sei se a contagem regressiva para os Jogos marca mais um dia de uma pandemia que não para de matar pessoas em todo o mundo, ou um dia a menos de esperança nas pessoas que contribuem ativamente para o agravamento de uma das piores situações que o mundo já viveu.


** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Lúcia Oliveira

Amante da comunicação, da escrita, da fotografia, do futebol, da literatura, do jornalismo, entre outras coisas. Escrevo para eternizar e vivo para escrever.

Como citar

OLIVEIRA, Lúcia. Jogos Olímpicos de Tóquio 202?. Ludopédio, São Paulo, v. 141, n. 59, 2021.
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