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Neymar Jr.

Bruno Garcia 9 de setembro de 2023

Nenhum debate arbitrário sobre o que ele “deveria” ter alcançado pode tirar o que Neymar significa para o jogo. Ele inspirou uma geração a ver o futebol não apenas como uma questão de vitórias e derrotas, mas como uma forma de arte. O lugar ao lado de Ronaldinho está ocupado, e é o menino de Mogi das Cruzes que o ocupa.

Adolescentes loucos por futebol em todo o mundo ficaram em canais brasileiros de má qualidade apenas para ver o garoto com o moicano jogar. E para aqueles que precisavam dormir, no dia seguinte as compilações do YouTube garantiram que todos soubessem exatamente que habilidade audaciosa ele realizou na noite anterior.

Enquanto outros deixaram o Brasil cedo, empenhados em se provar no futebol europeu. Neymar parecia entender mais do que a maioria que não é realmente sobre como você joga o jogo que atrai o público. É sobre como você joga.

A própria personificação do “Jogar Bonito”. Seu jogo era tão bonito que a única forma de combatê-lo era através da força bruta. Enquanto alguns mantêm seu recorde de lesões contra ele, observe qualquer um dos lances de terror que ele costumava receber rotineiramente e isso começa a fazer mais sentido. A violência que sua arte inspirou acabou se tornando sua ruína. Uma ironia tão agridoce que só poderia ser inventada pelos deuses do futebol.

Neymar
Foto: Pedro Martins/Mowa Press.

Em qualquer outra época, ele teria uma Bola de Ouro. Mas é realmente tão importante que ele não o faça? Um troféu da Liga dos Campeões, Prêmio Puskás, Copa Libertadores e dez títulos da liga é uma carreira que a maioria só pode sonhar. E com o recorde de Pelé para o Brasil a apenas um gol de ser dele, sua importância para a Seleção Canarinha em breve será uma questão de recorde histórico. Não importa o que os pessimistas tenham a dizer sobre isso.

Em uma época em que os jogadores estão se tornando cada vez mais robóticos, parece que esquecemos que fomos agraciados com um gênio cujo talento nunca poderia ser reduzido a números. Uma carreira que deve ser celebrada, não colocada sob um microscópio.

Você pode debater o quanto quiser. Mas não deixe que o discurso o impeça de curtir Neymar. Por todos os seus talentos e todos os seus defeitos. Porque quando acabar, não haverá ninguém como ele novamente.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Bruno Garcia

Arquiteto graduado pela Escola Nacional de Arquitetura de Rabat, no Marrocos, e mestre em Urbanismo na Escola de Urbanismo de Paris, na França. Mora em Paris desde 2015, ento passado sete meses no Brasil em 2017. Amante de futebol e musica e torcedor do Raja.

Como citar

GARCIA, Bruno. Neymar Jr.. Ludopédio, São Paulo, v. 171, n. 9, 2023.
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