A proposta de criar este espaço surgiu da necessidade e ausência de um centro para reunir informações, textos e pesquisas sobre futebol, que atualmente encontram-se dispersas. Uma produção que embora tenha se avolumado a partir da década de 1990, faz-se presente nas ciências humanas desde a década de 1940. Nas décadas seguintes, a produção ganhou destaque pelas dissertações e teses defendidas a partir de 1970, assim como pela publicação de dois livros fundamentais: Universo do Futebol: esporte e sociedade brasileira, organizado pelo antropólogo Roberto DaMatta (1982), e Futebol e Cultura: coletânea de estudos, organizado por José Carlos Sebe Meihy e José Sebastião Witter (1982).
Durante todos estes anos, diversos temas foram pesquisados: a inserção e participação dos negros no futebol; as relações entre futebol e identidade nacional; discussões sobre estilos e escolas de futebol, principalmente de um “jogar à brasileira”, mais conhecido como “futebol-arte”; a circulação de jogadores brasileiros no futebol internacional; a formação de jovens jogadores em escolinhas de futebol e categorias de base; etc. Dentre os principais temas, as pesquisas sobre torcidas organizadas, muito influenciadas pela proliferação de conflitos e casos de violência nos estádios no começo da década de 1990, tiveram um impacto decisivo dentro do processo de ampliação do cenário de estudos sobre esportes no Brasil. Portanto, a partir da década de 1990, as pesquisas, outrora contingentes, tornaram-se mais sistemáticas.
Contudo, embora a afirmação de que a produção sobre futebol é escassa tenha se consolidado no discurso acadêmico como sendo algo inquestionável, o acervo construído no site Ludopédio permite aferir que a bibliografia não é tão insuficiente quanto se pensa. A produção existe, porém, ainda precisa de uma maior divulgação e intercâmbio das informações, dos trabalhos produzidos e dos grupos consolidados que se propõem a discutir e a pesquisar sobre o tema. O site tem como objetivo ocupar este espaço de divulgação e intercâmbio.
Nossa proposta, portanto, é de divulgar os diferentes tipos de material produzidos nas diferentes áreas de conhecimento das Ciências Humanas. Com este fim, todo material do site Ludopédio é disponibilizado de forma gratuita e ficará publicado por tempo indeterminado. Para isso, entramos em contato com autores solicitando a colaboração e envio de suas teses, dissertações, artigos e demais trabalhos para serem arquivados e disponibilizados gratuitamente. Desta forma, poderemos socializar o conhecimento científico e artístico que vem sendo produzido sobre futebol.
Deste modo, na nossa Biblioteca, reunimos informações, textos e pesquisas sobre futebol, que atualmente encontram-se dispersas. Assim, todos podem ter acesso a artigos, teses, dissertações, referências de livros nacionais e internacionais e outros trabalhos.
De forma resumida, além do banco de dados concentrado na Biblioteca, semanalmente o internauta pode ler textos e ensaios na seção Arquibancada, marcada pela heterogeneidade de ideias, posições, propostas, críticas etc. Na seção Entrevista, a cada mês, uma personalidade, professor, pesquisador ou profissional do universo futebolístico é entrevistado. Diariamente, na seção Futebol-Arte, é publicada uma foto relacionada ao universo futebolístico, em seus diferentes planos e expressões. Há, ainda, um espaço destinado para divulgação de Eventos, congressos, lançamentos de livros, defesas de teses e palestras. A seção Memória está dividida em duas partes. Na Linha do Tempo, é possível encontrar datas importantes do futebol brasileiro e mundial. Ainda na seção Memória, o Museu dedica-se aos objetos históricos e itens de colecionador. Por fim, a Comunidade Ludopédica é um espaço de interação com o internauta apaixonado por futebol que tem como objetivo criar uma rede de informações, pesquisadores e interessados neste tema.
Ao longo desse primeiro ano do site no ar tivemos acesso de 98 países diferentes e o que mais nos chamou a atenção foi a diversidade de países, até porque o site encontra-se majoritariamente em português, tendo somente os resumos das teses em inglês e/ou espanhol. Esse é um dos desafios futuros do site, de torná-lo viável em outras línguas. Veja a lista dos países de acordo com o número de acessos (ordem decrescente):
1
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Brasil
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2
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Estados Unidos
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3
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Portugal
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4
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Canadá
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5
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Grã Bretanha
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6
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Rússia
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7
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Paraguai
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8
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Peru
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9
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Alemanha
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10
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Índia
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11
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Japão
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12
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França
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13
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Itália
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14
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Argentina
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15
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China
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16
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Venezuela
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17
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Moçambique
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18
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Espanha
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19
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Austrália
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20
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Comunidade Europeia
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21
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Uruguai
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22
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Ucrânia
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23
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Holanda
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24
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Senegal
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25
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Suécia
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26
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Irlanda
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27
|
Dinamarca
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28
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Rep. Tcheca
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29
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Cabo Verde
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30
|
Angola
|
31
|
Antilhas Holandesas
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32
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Polônia
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33
|
México
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34
|
Suíça
|
35
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África do Sul
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36
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Equador
|
37
|
Israel
|
38
|
Colômbia
|
39
|
Letonia
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40
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Chile
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41
|
Marrocos
|
42
|
Qatar
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43
|
Quênia
|
44
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Coreia do Sul
|
45
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Noruega
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46
|
Paquistão
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47
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Antigua e Barbuda
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48
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Bélgica
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49
|
Bolívia
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50
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Tailândia
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51
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Trinidad Tobago
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52
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Haiti
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53
|
Gâmbia
|
54
|
Egito
|
55
|
Filipinas
|
56
|
Gana
|
57
|
Mali
|
58
|
Luxemburgo
|
59
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Hungria
|
60
|
Rep. Dominicana
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61
|
Turquia
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62
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Bulgária
|
63
|
Vietnã
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64
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Mônaco
|
65
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Costa do Marfim
|
66
|
Tunísia
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67
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Macau
|
68
|
Indonésia
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69
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Bielarus
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70
|
Lichtenstein
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71
|
Taiwan
|
72
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Camarões
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73
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Bangladesh
|
74
|
Irã
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75
|
Malásia
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76
|
Síria
|
77
|
Romênia
|
78
|
Cingapura
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79
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Líbano
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80
|
Porto Rico
|
81
|
Burkina Faso
|
82
|
Maldivas
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83
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Bahrain
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84
|
Nicaragua
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85
|
Líbia
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86
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Guatemala
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87
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Eslováquia
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88
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Arábia Saudita
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89
|
Hong Kong
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90
|
Eslovênia
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91
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Finlândia
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92
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Lituânia
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93
|
Croácia
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94
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Andorra
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95
|
Jordânia
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96
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Argélia
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97
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Emirados Árabes
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98
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Sérvia
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Na seção Arquibancada, espaço aberto ao debate sobre questões futebolísticas o destaque ficou para os seguintes artigos:
A regionalização do futebol mundial, de Paulo Miranda Fávero – 3426 acessos; O negro no futebol brasileiro e o racismo existente, de Marcel Diego Tonini – 578 acessos; A paixão futebolística como mercadoria, de Melissa Marin de Castro – 440 acessos; O Estádio da Paz – Bouaké, Costa do Marfim, de Tiago Carrasco, João Henriques e João Fontes, 253 acessos; A negra estrela da ilha – Bolama, Guiné Bissau, de Tiago Carrasco, João Henriques e João Fontes, 234 acessos.
Entre os destaques dos downloads de teses e dissertações de nossa Biblioteca temos:
O futebol como patrimônio cultural do Brasil de Sérgio Miranda Paz com 690 acessos; O futebol e os jogos/brincadeiras de bola com os pés de Alcides José Scaglia com 604 acessos; O descobrimento do futebol de Bernardo Borges Buarque de Hollanda com 538 acessos; A bola, os “brancos e as toras de Fernando de Luiz Brito Vianna com 456 acessos e A violência nos estádios de futebol nas perspectivas dos policiais militares de Curitiba de Alfredo Euclides Dias Netto com 358 acessos.
Foto
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Autor
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total
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269
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225
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Michael Jan Ambriola
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186
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David Campbell
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154
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Versurix
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104
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Portanto, o trabalho realizado ao longo deste primeiro ano de existência do Ludopédio permite perceber a importância de espaços que reúnam a produção acadêmica sobre futebol no Brasil. Uma produção que não é tão escassa quanto se pensa, visto que a produção existe e que a tendência é a abertura de um maior diálogo e intercâmbio das informações, dos trabalhos produzidos e dos grupos consolidados que se propõem a discutir e a pesquisar sobre o tema. Pode-se afirmar, ainda, que a tendência é um crescimento da produção na segunda década deste novo milênio.
Se a produção existe e se reafirmamos a necessidade em reunir as informações e os trabalhos que se encontram dispersos, temos que destacar a preocupação das universidades brasileiras em manter bibliotecas digitais com teses e dissertações na íntegra. Para além destas iniciativas institucionais, vale ainda destacar alguns sites que foram estruturados com o objetivo de reunir esse tipo de informação. O pioneiro nesse sentido foi o Centro Esportivo Virtual (CEV), criado em 1996. Com foco específico no futebol, temos o blog do Núcleo de Estudos Futebol e Sociedade, grupo acadêmico de estudos e pesquisas interdisciplinar, organizado a partir da Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná.
Assim, tanto o Ludopédio quanto os outros sites acima mencionados, facilitarão o desenvolvimento de futuros trabalhos de pesquisa e atualização dos mapeamentos sobre a produção. O desafio é manter a atualização das informações, para que assim possa auxiliar os pesquisadores no desenvolvimento de suas investigações.