O futebol na poesia alemã
Uma história de triunfos
O futebol ocupa um lugar de destaque na Alemanha, seja no âmbito cultural ou esportivo. Além de ser um esporte popular, o futebol marcou o país em momentos cruciais de sua história: a conquista heróica da seleção alemã na Copa de 1954, o chamado “Milagre de Berna” (“Wunder von Bern”), que, simbolicamente, acompanhava o “Milagre Econômico” vivenciado pela então Alemanha Ocidental, num país que se reerguia após a derrocada na Segunda Guerra Mundial; o triunfo da seleção alemã na Copa de 1974, alcançado em casa, não obstante a derrota na primeira fase do torneio para a seleção da então Alemanha Oriental, que, aliás alcançaria seus triunfos olímpicos naquela década, com a medalha de bronze em 1972, a medalha de ouro em 1976, e a medalha de prata em 1980; na Copa da Itália, mais uma conquista de título pela seleção alemã, em pleno contexto de reunificação do país, o que despertou em muitos um sentido simbólico de otimismo, mesmo que, após décadas, esse otimismo se esvaísse frente à realidade e os desafios lançados a uma nação após 40 anos de divisão territorial, política, histórica e cultural. E o ápice dessa trajetória de conquistas seria atingido em 2014, com uma exibição impecável da seleção alemã ao longo do torneio, e um destaque especial para o “Mineiratzen” (o “Mineiraço”), com a derrota da seleção anfitriã pelo vexatório placar de 7 a 1 na partida seminal, no dia 08 de julho de 2014, suplantando até mesmo o significado da partida final, vencida na prorrogação pelo placar de 1 a 0 contra a seleção da Argentina.
Por sua dimensão, na Alemanha, o futebol encontra expressão também no âmbito literário. A título de exemplo, apresentaremos a seguir quatro poemas que expressam, de modos diversos, esse significado especial atribuído ao futebol.
“A escalação do Nuremberg 1º F. C. de 27 de janeiro de 1968” – nada a dizer, só a mostrar
O poema “A escalação do Nuremberg 1º F. C. de 27 de janeiro de 1968”, do escritor Peter Handke, cujo título original é “Die Aufstellung des 1. F.C. Nürnberg vom 27.1.1968”,[1] foi publicado em 1969, ano em que foi lançado também o seu famoso conto “O medo do goleiro diante do pênalti” (“Die Angst des Tormanns beim Elfmeter”), que seria adaptado para o cinema em 1972 pelo cineasta Wim Wenders.
“A escalação do Nuremberg 1º F. C. de 27 de janeiro de 1968” é um poema verbo-visual que lembra a poesia concretista, pois exibe a escalação do time com os nomes dos jogadores, como se costuma apresentar na cobertura de imprensa esportiva:
Die Aufstellung des 1. FC Nürnberg vom 27.1.1968 WABRA LEUPOLD POPP LUDWIG MÜLLER WENAUER BLANKENBURG STAREK STREHL BRUNGS HEINZ MÜLLER VOLKERT Spielbeginn: 15 Uhr
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A escalação do Nuremberg 1º F. C. de 27.1.1968 WABRA LEUPOLD POPP LUDWIG MÜLLER WENAUER BLANKENBURG STAREK STREHL BRUNGS HEINZ MÜLLER VOLKERT Início da partida: 15 horas
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A singularidade desse poema de Peter Handke reside no fato de que ele desafia o próprio limite da poesia, pois se situa no entrelugar do gênero poético e do gênero jornalístico. De um modo mais puro e simples de se exibir uma equipe, com os nomes dos jogadores destacados em caixa alta e distribuídos visualmente de acordo com suas posições ocupadas no campo, o poema encerra em si três informações: a primeira delas, paratextual, é o título, que indica o nome do clube – Nuremberg 1º F. C. – e uma data específica – 27.1.1968; a segunda informação é a escalação propriamente dita; a última informação é o horário da partida – 15 horas.
Resta-nos, saber apenas o que ocorrera naquela data indicada pelo poema: em 27 de janeiro de 1968, o Nuremberg 1º F. C. sagrou-se campeão alemão ao derrotar a equipe do Bayer Leverkusen. Nesse poema de Peter Handke, torcedor do Nuremberg, um time de futebol é estetizado de tal forma que se torna pura poesia. Assim, os versos são formados pelas linhas do gol, da defesa, do meio campo e do ataque, e Peter Handke se vale da sonoridade dos nomes para produzir o efeito lírico.
Todavia, após seu lançamento, torcedores do Nuremberg apontaram alguns erros no poema de Handke: no primeiro tempo da partida Nuremberg vs. Bayer Leverkusen, ao lado de Popp na defesa não figurava Leupold, mas sim o zagueiro Hilpert; Leupold entrou na partida aos 31 minutos do segundo tempo, substituindo Blankenburg na lateral esquerda.
Não obstante tais erros, o poema “A escalação do Nuremberg 1º F. C. de 27 de janeiro de 1968” permanece emblemático em sua constituição, pois suscita discussões sobre a própria legitimidade do estatuto de “poesia”.
“Ser árbitro” – um exemplo de futebol como metáfora
O poema “Ser árbitro” (original: “Schiedsrichter sein”), do escritor e jornalista alemão Michael Augustin, é um típico exemplo do uso do futebol como metáfora:
Ser árbitro
Ser árbitro: Correr pela cidade vestindo camisa preta e calça curta.
Munido de apito e cronômetro adentrar a loja de departamentos.
Proferir advertências contra vendedores de pianos, carteiros, farmacêuticos e funcionários de banco.
Interromper o jogo e a todos os taxistas mostrar o cartão amarelo.
Expulsar de campo um general.
Assinalar um pênalti contra a prefeitura.
Simplesmente encerrar a partida em meio à hora do trânsito intenso.
Ou mesmo antes, logo bem cedinho:
declarar a cidade inteira como inapta ao jogo! | Schiedsrichter sein[2]
Schiedsrichter sein: In schwarzem Hemd und kurzer Hose durch die Stadt laufen.
Mit Trillerpfeife und Stoppuhr rein ins Kaufhaus.
Verwarnungen aussprechen gegen Klavierverkäufer, Postboten, Apotheker und Bankangestellte.
Das Spiel unterbrechen und allen Taxifahrern die gelbe Karte zeigen.
Einen General des Feldes verweisen.
Einen Elfmeter verhängen gegen das Rathaus.
Das Spiel einfach abpfeifen mitten im Berufsverkehr.
Oder schon vorher, gleich am frühen Morgen:
die ganze Stadt für unbespielbar erklären!
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O poema “Ser árbitro” possui nove estrofes com número de versos variados, sendo um quarteto, dois tercetos e seis dísticos. Os versos não são rimados e apresentam diversas métricas, de modo que o poema soa como se fosse um texto em prosa.
Em termos de conteúdo, o juiz de futebol está no cerne do poema “Ser árbitro” enquanto instância máxima de poder. Feito um deus, ele pode arbitrar a vida em seus diversos âmbitos, pois ninguém é poupado: o comércio, os Correios, os bancos, os taxistas, os militares, e a prefeitura. Assim, em seu caráter metafórico, a vida agitada da cidade surge como uma partida de futebol, regida por sua autoridade máxima, o árbitro. Figura sempre envolta em polêmica, do qual se exige o máximo de correção nas decisões em campo, e o qual é muitas vezes xingado pelos torcedores com os mais variados impropérios, no poema de Michael Augustin, árbitro parece vingar-se ao se imaginar o todo poderoso e sair às ruas para advertir e punir as pessoas, ou contribuir para o caos da cidade, botando um ponto final na partida em meio ao horário de rush. A cidade é campo de futebol, e seus cidadãos são os jogadores, que jogam o jogo da vida, arbitrado por essa instância de poder que não hesita em advertir e punir com cartões vermelhos e amarelos, somados às outras duas ferramentas de trabalho: o apito e o cronômetro. Este último lhe outorga o controle do tempo: do tempo do jogo, e do tempo da vida.
“Lamento” – o tempo que não pára para ninguém
O poema “Lamento” (original: “Lamento”), do escritor alemão Wolfgang Bortlik também apresenta o futebol em seu caráter metafórico:
Lamento
Futebol é um fio da vida Sem ele, o que se faria? A alguns provoca danos para a vida Hematoma etcetera Ossos frágeis, panturrilhas com câimbra Distensão, dilatação, ruptura, nossa!
Aplicar pomadas, óleos Faixas de apoio em volta do joelho Untar regularmente os quadris Atar, arranjar bandagem: É hoje ou nunca!
Uma vez mais a bicicleta! Uma vez mais uma boa corrida! Ai, ainda dá quase como outrora! Cambalear, cair, se levantar…
Uma vez mais dar um pequeno passe! Bola pra cá, afinal, estou livre! Uma vez mais marcar um tento…
Uma vez mais se presentear com um gol! E então chega a morte…
Uma vez mais… | Lamento[3]
Fussball ist ein Lebensfaden Ohne ihn, was tät man da? Zwickt auch mancher Altersschaden Hämatom etcetera Morsche Knochen, Krampfeswaden Zerrung, Dehnung, Risse, pah!
Salben, Öle applizieren Stützverbände um das Knie Ordentlich die Hüfte schmieren Binden, Pflaster arrangieren: Heute gilt es oder nie!
Einmal noch den Fallrückzieher! Einmal noch ein guter Lauf! Au, das geht noch fast wie früher! Taumeln, fallen, wieder auf …
Einmal noch ein Pässchen lenken! Ball her, schliesslich steh ich frei! Einmal noch das Ding versenken …
Einmal noch ein Tor sich schenken! Und dann kommt der Tod herbei …
Einmal noch …
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O poema “Lamento”, de Wolfgang Bortlik, é composto por seis estrofes, todas com número de versos diferentes, de forma decrescente: 01 sexteto, 01 quinteto, 01 quarteto, 01 terceto, 01 dístico e 01 monístico. Além disso, o poema apresenta uma métrica regular formada por versos em troqueus, ou seja, em que uma sílaba tônica é seguida de uma sílaba átona, e se estrutura por rimas cruzadas. Em seus versos, “Lamento” também traz o jargão do futebol em expressões como “bicicleta” (“Fallrückzieher”) e “marcar um tento” (“das Ding versenken”, literalmente, “afundar a coisa”).
Cabe ressaltar que, desde 1993, o escritor Wolfgang Bortlik vive na cidade suíça da Basiléia, onde tem dedicado sua carreira literária também à publicação de obras que tem por tema o futebol, como o romance Wurst & Spiele (1998; “Salsichas & Jogos”), a antologia poética Am Ball ist immer der Erste (2006; “Na bola ele sempre é o primeiro”), e o livro de história do futebol suíço Hopp Schwiiz. Fußball in der Schweiz oder die Kunst der ehrenvollen Niederlage (2008; “Vamos, Suíça! O futebol na Suíça ou a arte da derrota honrosa”).
Com relação ao conteúdo, o poema “Lamento” enumera contusões, estabelece uma relação entre o futebol e a vida, o sucesso e a passagem do tempo, até chegar à morte. Como o próprio título indica, “Lamento” apresenta as lamúrias de um eu lírico, feito uma “canção de lamentação” na ópera, e por isso apresenta uma forma rígida de estrofes e versos. O eu lírico lamenta as inúmeras contusões que se enfrenta no decorrer da carreira (e da vida), mas afirma também o que seria da vida sem o futebol. Sucessos são alcançados, mas não são momentos duradouros. Ao final, no horizonte está a morte, ou seja, a morte na vida, bem como a morte metafórica na carreira de um jogador de futebol.
Portanto, no poema “Lamento, mais uma vez, se faz presente a metáfora do futebol como jogo da vida.
“Após a final” – do êxtase à derrota
O poema “Após a final” (original: “Nach dem Finale”), do escritor alemão Ludwig Harig, enfoca uma partida de futebol em especial: a final da Copa de 1986, disputada no México:
Nach dem Finale[4]
Mexiko ´86
Es lag an der Natur: am viel zu stumpfen Rasen, an Montezumas Zorn, am Klima, am Komplott der schnöden Fußballwelt. Im altbewährten Trott
Doch Maradona kam, zum Strafgericht zu blasen:
Vergebens hofften wir auf ein Elfmeter-Schießen,
Trotz Bundeskanzler Kohl versagte sich die Wende.
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Após a final
México 86
Estava na natureza das coisas: na grama gasta demais, na ira de Montezuma, no clima, no complô do vil mundo do futebol. No velho ritmo bem comprovado nosso time tentou alcançar o louro da vitória.
Mas, então, veio Maradona anunciando a punição: dos onze da Argentina irrompeu o deus da vingança. Um alento apenas: o Imperador Franz prateou a sucata. No placar tardio de 2 a 2, os êxtases se elevaram.
Em vão nós esperávamos por uma cobrança de pênaltis, porque nós permitimos a Burruchaga tão espertamente. Nós nos posicionamos lá atrás cedo demais.
Apesar do chanceler Kohl a virada não se realizou. Rolf Kramer disse lacônico: “O fim do jogo chega ao fim.” Chegava ao fim, sim, quem teria isso pensado.
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“Após a final” é um soneto formado por quatro estrofes, sendo dois quartetos e dois tercetos, em estrutura típica do soneto italiano, totalizando 14 versos alexandrinos (12 sílabas poéticas), com rimas internas nos quartetos e paralelas, nos tercetos, com uma métrica regular em versos jâmbicos, ou seja, formados pela sequência de uma sílaba átona seguida de uma sílaba tônica.
Nesse soneto de Ludwig Harig, figura um eu lírico como um ser coletivo “nós” (“wir”), que se lamenta pela derrota da seleção alemã de futebol frente à seleção argentina na final da Copa de 1986.
Constata-se, ainda, que o poema “Após a final” contém certas informações pontuais, como, por exemplo, a menção ao nome de Rolf Kramer, jornalista alemão que fez a cobertura daquela Copa, ou também ao “Kaiser Franz”, como Franz Beckenbauer é carinhosamente designado em reconhecimento ao alto nível técnico e à figura de liderança tanto na seleção alemã, de 1965 a 1977, quanto na equipe do Bayern de Munique, de 1964 a 1977, e por outros clubes onde atuou. Seu renome o alçou também à carreira de treinador da seleção, de 1984 a 1990, quando sagrou-se campeão mundial na Itália.
De certo modo, o poema “Após a final” transmite a decepção do eu lírico diante da derrota na partida disputada pela Alemanha contra a Argentina no dia 29 de junho de 1986, no Estádio Azteca, onde, aliás, o Brasil se sagrará Tricampeão Mundial em 1970. Após sair de um placar adverso de 2 a 0, com gols assinalados por Jose Brown e Jorge Valdano, empatando a partida com gols de Karl-Heinz Rummenigge e Rudi Völler, nos últimos minutos, a seleção alemã, para desespero de seus torcedores, sofreu um terceiro gol fatal, assinalado pelo jogador argentino Jorge Burruchaga. Como um dos versos do poema aponta, nem a presença do chanceler Helmut Kohl no estádio possibilitou a “virada”, cujo termo em alemão “Wende” tem um significado político importante, pois marca exatamente o período de transição entre a Queda do Muro de Berlim, em 09 de novembro de 1989, e a Reunificação Alemã, em 03 de outubro de 1990. O uso de tal expressão, longe de ser algo fortuito, indica que esse poema foi publicado posteriormente, e integra a coletânea de poemas Die Wahrheit ist auf dem Platz: Fußballsonette (2006; “A verdade está em campo: sonetos de futebol”), publicado por Ludwig Harig no ano em que a Alemanha sediou a Copa do Mundo pela segunda vez.
O futebol e suas facetas na poesia alemã
Os quatro poemas analisados neste breve estudo revelam algumas facetas que o futebol pode assumir ao ser objeto da Lírica alemã. Basicamente, constatamos que, nos poemas “Ser árbitro” e “Lamento”, o futebol assume um sentido metafórico como “jogo da vida”: no primeiro, destaca-se um eu lírico que se pretende deus, para ter o poder de “arbitrar” a vida na cidade, advertindo os cidadãos e distribuindo cartões amarelos e vermelhos; no segundo, a carreira do jogador também se associa à própria vida através da ação do tempo, pois assim como pode haver uma “morte” simbólica do jogador ao final da carreira, a morte em sua plenitude figura no horizonte de todo ser humano.
Por sua vez os poemas “A escalação do Nuremberg 1º F. C. de 27 de janeiro de 1968” e “Após a final” trazem o futebol enquanto paixão: no primeiro, trata-se da paixão clubística, que eleva uma equipe de futebol e um título conquistado ao nível estético de poesia; no segundo, a paixão leva à dor da derrota da seleção alemã na partida final da Copa de 1986.
Seja no poema concreto de Peter Handke, nos versos livres de Michael Augustin, no poema estruturado de Wolfgang Bortlik, ou no soneto de Ludwig Harig, o futebol se revela em toda sua força como metáfora da vida, sofrimento, paixão e emoção.
Referência
AUGUSTIN, Michael. Schiedsrichter sein. In: ADELMANN, Ralf; PARR, Rolf; SCHWARZ, Thomas (org.). Querpässe: Beiträge zur Literatur-, Kultur- und Mediengeschichte des Fußballs. Heidelberg: Synchron, 2003, p. 178-179.
BORTLIK, Wolfgang. Lamento. In: BORTLIK, Wolfgang. Am Ball ist immer der Erste. Gedichte von Fussball und so. Zürich: Limmat Verlag, 2006.
HANDKE, Peter. Die Aufstellung des 1. FC Nürnberg vom 27.1.1968. In: HANDKE, Peter. Die Innenwelt der Außenwelt der Innenwelt. Franfurt a.M., 1969, p. 59.
HARIG, Ludwig. Nach dem Finale. In: HARIG, Ludwig. Die Wahrheit ist auf dem Platz: Fußballsonette. München: Carl Hanser, 2006. Disponível em: http://www2.uni-erfurt.de/sport/seiten/campus/gedichtfuba1.htm; acesso em: 15 fev. 2013.
[1] HANDKE, Peter. Die Aufstellung des 1. FC Nürnberg vom 27.1.1968. In: HANDKE, Peter. Die Innenwelt der Außenwelt der Innenwelt. Franfurt a.M., 1969, p. 59. Todas as traduções dos poemas são de autoria de Elcio Cornelsen.
[2] AUGUSTIN, Michael. Schiedsrichter sein. In: ADELMANN, Ralf; PARR, Rolf; SCHWARZ, Thomas (org.). Querpässe: Beiträge zur Literatur-, Kultur- und Mediengeschichte des Fußballs. Heidelberg: Synchron, 2003, p. 178-179.
[3] BORTLIK, Wolfgang. Lamento. In: BORTLIK, Wolfgang. Am Ball ist immer der Erste. Gedichte von Fussball und so. Zürich: Limmat Verlag, 2006.
[4] HARIG, Ludwig. Nach dem Finale. In: HARIG, Ludwig. Die Wahrheit ist auf dem Platz: Fußballsonette. München: Carl Hanser, 2006. Disponível em: http://www2.uni-erfurt.de/sport/seiten/campus/gedichtfuba1.htm; acesso em: 15 fev. 2013.