O Sol de João Pessoa
Estádio Almeidão, João Pessoa, capital da Paraíba.
Arquibancada Sol.
Terra dos sofredores. Dos pobres. Da resistência. Da periferia.
Pedaço de concreto simples, sem luxos, sem mordomias.
Mas é justo lá onde a magia acontece da forma mais sublime. Onde o amor se revela. Onde o sofrimento se torna palpável e – em que pese ser sempre incompreensível – se torna aceitável. Desejável, até.
Não se vai a um estádio para ser feliz.
Vai-se para incompreender, para refletir sobre a vida, para tentar entender o que queremos de nós mesmos, para sufocar. E, no sufocamento, perceber que é justo lá que nos tornamos completos.
O Sol de João Pessoa é um local especial.
É a revelação de um futebol ainda possível para o povo.
Numa época de arenizações, o pobre, pobre mesmo, ainda tem a chance de ser pleno no futebol marginal de João Pessoa.
Pois ele vai, gasta pouco, bebe muito, come a linguiça avermelhada na brasa da churrasqueira definhante, vislumbra um futuro alvissareiro, sofre.
Sim, sofre.
Mesmo na algazarra, o sofrimento.
Ninguém está livre do sofrer.
Porque, afinal, o Sol é a casa do choro, do grito de gol que não veio, da entrega, do abraço.
Enfim…
Na cidade onde o sol nasce primeiro, são os súditos do Sol que reverenciam a sua partida a cada fim de tarde de futebol.
PS. Ah… a foto foi retirada do perfil Belo Mil Grau no Instagram. Não sei quem é o autor. Mas ela é tão linda, que inspirou essa crônica.