Os torcedores receberão seu Botafogo de volta?

O Botafogo foi revitalizado sob o controle de John Textor, mas será que o projeto vai continuar?

Quando John Textor comprou o Botafogo em 2021, foi um momento de euforia para os torcedores de um dos clubes mais históricos do Brasil.

No entanto, a relação entre o acionista majoritário – na verdade, o proprietário – e os torcedores não tem sido fácil.

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Há dois meses, Textor desativou sua conta de mídia social, alegando excesso de negatividade. É verdade que nem tudo isso veio do Botafogo. A Eagle Holdings de Textor também tem uma grande participação no Crystal Palace, time da Premier League, no Lyon, da Ligue 1, e no Molenbeek, da Bélgica.

Mas o Botafogo foi certamente o lugar onde a empolgação em torno de sua chegada foi maior e, portanto, onde a queda sempre foi mais forte. Mas, sem estar totalmente curado, qualquer fissura entre Textor e a torcida pode certamente ser amenizada com uma olhada na tabela do Campeonato Brasileiro.

Após três rodadas, apenas um clube atingiu 100% de aproveitamento: o Botafogo, o surpreendente líder antecipado. Os torcedores podem dizer que isso apenas o coloca em seu devido lugar. Afinal de contas, de Garrincha, Nilton Santos, Zagallo e Didi a Amarildo e Jairzinho, o clube forneceu muitos dos principais jogadores da era de ouro da seleção brasileira de 1958-70. Mas a distância entre a glória do passado e a realidade mais recente tem sido dolorosa.

Apesar de uma torcida apaixonada, o Botafogo tem sido essencialmente a quarta força do Rio de Janeiro (atrás de Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama) nas últimas décadas. Dentro de campo, o time esteve frequentemente na segunda divisão.

Fora dele, acumularam dívidas grandes – o suficiente para ameaçar a sobrevivência do clube.

A chegada de Textor foi vista como uma forma de resolver tudo isso de uma só vez. Na verdade, sempre foi muito mais difícil do que isso. As expectativas iniciais dos torcedores não eram realistas.

A era Textor é uma espécie de teste para o futebol brasileiro. Tradicionalmente, os clubes sempre foram associações sociais, não organizadas em linhas comerciais. Isso mudou em 2021, quando uma nova lei permitiu que investidores privados, tanto estrangeiros quanto nacionais, comprassem clubes brasileiros.

Mas Textor expressou frustração com a implementação da lei e com a forma como um clube negocia com os credores. Diante dessa incerteza, será que Textor está perdendo o interesse em seu investimento e olhando para outras prioridades? Isso é especialmente pertinente, dada a natureza multiclube do investimento de Textor. Onde o Botafogo se encaixa na hierarquia?

Jeffinho foi transferido do Botafogo para o Lyon neste inverno, com ambos os clubes controlados por John Textor.

Um ponto baixo na relação entre torcedor e proprietário foi atingido quando o ponta Jeffinho, uma grande história de sucesso do ano passado, foi transferido para o Lyon. Será que o Botafogo não era mais do que um clube de alimentação para os times europeus do grupo de Textor?

Uma de suas primeiras medidas foi demitir o técnico Enderson Moreira em fevereiro de 2022, que havia acabado de levar o clube ao título da segunda divisão. Os técnicos mudaram, mas nada de especial surgiu.

Finalmente, usando contatos e procurando jogadores em lugares onde outros clubes não estavam, o técnico português Luís Castro conseguiu. Alguns dos torcedores ficaram satisfeitos. Muitos não ficaram. Tinham lhes vendido um projeto que era mais glorioso do que mero pragmatismo. As reclamações ficaram mais altas no início deste ano, quando o Botafogo conseguiu terminar fora dos quatro primeiros colocados no campeonato estadual do Rio de Janeiro.

Quando o campeonato nacional, muito mais competitivo, começou em abril, poucos acreditavam – e, no entanto, aqui estamos, com o Botafogo sozinho no topo da tabela. Na verdade, o time poderia ter perdido todos os seus três jogos. Na estreia, em casa, contra o São Paulo, o time levou uma certa surra, mas conseguiu vencer com um gol nos acréscimos. A vitória por 2 a 1 sobre o Bahia, fora de casa, também foi conquistada com o pé atrás. Depois, veio o épico triunfo por 3 a 2 sobre o gigante rival Flamengo, em uma partida em que o Botafogo precisou de toda a sua resiliência para segurar um adversário talentoso.

A torcida neste domingo, em casa, contra o Atlético Mineiro, deve ser muito maior. Um novo capítulo está se abrindo nessa fascinante relação entre o proprietário do clube norte-americano e os torcedores sul-americanos.

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