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Primeiras impressões sobre o Dinizismo em verde e amarelo

Daniel Amado Morales 28 de setembro de 2023

A data FIFA passou e com ela as duas primeiras rodadas das eliminatórias para Copa do Mundo de 2026. Nas vitórias da seleção brasileira sobre a Bolívia por 5 a 1 em Belém e por 1 a 0 contra o Peru em Lima, podemos observar o inicio do técnico Fernando Diniz no comando da pentacampeã do Mundo. Mas, o que se pode tirar dos dois primeiros jogos de Diniz na função de treinador interino da seleção brasileira? 

Contratado pela CBF para ser o técnico interino da seleção brasileira até o momento que supostamente Carlo Ancelotti, atual treinador do Real Madrid assumiria o comando da canarinho, a chegada de Fernando Diniz na seleção brasileira causou muita expectativa pela imprensa e torcedores devido seu trabalho no Fluminense. E o questionamento de como seria o trabalho do treinador de 49 anos que agora está à frente tanto de um clube quanto da seleção. 

Fernando Diniz
Foto: Rodrigo Ferreira/CBF/Fotos Públicas

Foram dois jogos bastante distintos, é verdade. Contra a Bolívia a seleção brasileira encontrou mais espaços até devido à grande fragilidade da equipe boliviana. No jogo em Belém, o Brasil se encantou com o “Dinizismo” vendo a seleção trocar muitos passes, foram 614 passes trocados e tendo a maior posse de bola da história da seleção com 80% de tempo com a redonda. E o mais importante, vimos um time agressivo, que jogou o tempo todo no campo do adversário buscando o gol. Resultado, uma goleado de cinco gols que poderia ter sido muito maior se não fosse as defesas do goleiro Viscarra. 

Já o jogo contra o Peru na última terça-feira (12) foi bem diferente. Primeiro que o Peru é uma equipe bem melhor que a Bolívia e segundo que os peruanos conseguiram se defender melhor, com uma retranca que foi dificil de ser furada. Apesar do gol nos minutos finais de Marquinhos, o jogo em Lima fez com que a imprensa no geral freasse um pouco a empolgação com Fernando Diniz. Para quem gosta de números, o Brasil trocou 590 passes e teve 63% de posse de bola, no jogo contra os peruanos. 

Mas, o que dá para tirar nesses primeiros dois jogos? A seleção brasileira já tem a cara do “Dinizismo”? Bem, apesar do estilo de jogo proposto por Diniz ser algo que leva tempo e muita prática, ou seja, treino, é fato que com o talento e qualidade dos jogadores da seleção brasileira fica mais fácil de se adaptar. Entretanto, apesar de algumas coisas que foram possíveis sim ser observadas vale esperar mais um pouco para termos uma análise mais profunda. 

Sobre essa questão de adaptação ao estilo de jogo proposto por Fernando Diniz, o lateral direito Danilo falou sobre em uma coletiva:

“Diniz tem razão quando diz que é difícil implementar uma ideia de jogo em tão pouco tempo, tão diferente da que era a nossa habitual. É um jogo de muita movimentação, muito pouco posicional, que é diferente do que a gente estava habituado aqui na seleção e nos clubes europeus.O que eu mais gostei das palavras que o Diniz usou na reunião foi ele falar que quer que os seres humanos jogadores de futebol se sintam à vontade e a partir daí se extrair o máximo. É um futebol pouco posicional, o que para mim é extremamente diferente do que estou habituado nos últimos 10 anos.” 

Comparando um pouco com que Diniz faz no Fluminense, o que foi possível de observar foram as situações onde se tem muitos jogadores próximos de onde está a bola, para que o time esteja em vantagem numérica. Outra também, foi de ocupar um setor do campo, na maioria das vezes o direito para tentar pegar o outro lado do campo vazio e assim facilitando as chances de gol.  E um outro elemento do “Dinizismo” foi a saía de bola começando desde o gol. 

Como foi dito ainda é pouco para termos uma análise mais profunda e concreta sobre o que será a seleção brasileira de Fernando Diniz.  Até mesmo no início da sua segunda passagem pelo Fluminense, demorou um tempo para vermos o “Dinizsmo” em ação.  O que fica por hora é a curiosidade e certo animo em ver os jogos da seleção brasileira, algo que andou ausente nos últimos anos. 

Uma seleção que talvez busque e se reencontre com o que chamamos de “Jogo bonito” e que se conecte mais com o brasileiro que nos últimos anos em deixado a canarinho cada vez mais de lado, como também falou o lateral Danilo na coletiva:

“Ele quer que o jogador se divirta na seleção. A partir disso, vai trazer alegria para o povo. Esse é o principal objetivo dele”. 

A seleção brasileira volta à campo já no mês de outubro para a terceira e quarta rodada das eliminatórias, para enfrentar Venezuela e Uruguai, respectivamente. A partir desses próximos jogos poderemos ter uma noção melhor do que será esse Dinizismo de verde e amarelo. 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Daniel Morales

Estudante de História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro/ Faculdade de Formação de Professores (UERJ/FFP). O amor pelo Fluminense, futebol e América Latina se transformou em pesquisas acadêmicas que possuem foco na relação entre o futebol, sociedade e política, com o objetivo de analisar como esse esporte se reflete na sociedade.

Como citar

MORALES, Daniel Amado. Primeiras impressões sobre o Dinizismo em verde e amarelo. Ludopédio, São Paulo, v. 171, n. 28, 2023.
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