155.7

“Que saudade que eu tava de torcer pelo carnaval”: um ensaio fotoetnográfico dos Gaviões da Fiel (parte 1)

O carnaval de São Paulo possui, dentre tantas diferenças, uma peculiaridade a mais frente aos demais: a participação das torcidas organizadas de futebol, as quais também passaram a ser escolas de samba do circuito paulistano.

Gaviões da Fiel
Na torcida pela classificação. Arquivo fotoetnográfico dos autores, 2022.

Nosso intuito aqui não é abordar as complexidades dessa relação[1], mas demarcar como isso reverbera atualmente, sobretudo nas formas que as pessoas torcem pelo carnaval na cidade, o que por vezes se assemelha também às formas de torcer nas arquibancadas dos estádios de futebol. Cabe destacar que os Gaviões da Fiel foram pioneiros em formalizar esse processo de torcida-escola em 1989, atualmente já são ao menos 8 agremiações ligadas afetivamente a times de futebol e também ao carnaval[2]

Com este ensaio fotoetnográfico, buscamos demonstrar como o carnaval, principalmente para as escolas-torcidas da cidade de São Paulo, expande então as formas de torcer para além do futebol, imprimindo em torno da avenida novos pertencimentos e todo um conjunto de sociabilidades do torcer, também utilizados em prol do carnaval.

Desse modo, o contexto deste ensaio fotoetnográfico, aqui exposto em duas partes (a segunda a ser publicizada em 20/05), foi o dia da apuração do carnaval das escolas de samba de São Paulo, que ocorreu no último 26 de abril de 2022, marcando o retorno dos carnavalescos na avenida, após mais de dois anos de pausa devido a pandemia. Vivenciando esse momento etnográfico de dentro da quadra dos Gaviões da Fiel, pudemos perceber como a cada nota 10, assim como em cada revés, o sentimento era apenas um, como traduzido por um interlocutor: “que saudade eu tava de torcer pelo carnaval!”.

Gaviões da Fiel
A batucada pelo 10. Arquivo fotoetnográfico dos autores, 2022.
Gaviões da Fiel
Torcendo pelo carnaval. Arquivo fotoetnográfico dos autores, 2022.
Gaviões da Fiel
Fiel até no carnaval. Arquivo fotoetnográfico dos autores, 2022.
Gaviões da Fiel
Torcendo pelo carnaval. Arquivo fotoetnográfico dos autores, 2022.
Gaviões da Fiel
Torcendo pelo carnaval. Arquivo fotoetnográfico dos autores, 2022.
Gaviões da Fiel
Torcendo pelo carnaval. Arquivo fotoetnográfico dos autores, 2022.
Gaviões da Fiel
Torcendo pelo carnaval. Arquivo fotoetnográfico dos autores, 2022.

 

Notas

[1] Para isso acessar aqui no Ludopédio mesmo a sessão Torcidas organizadas e escolas de samba.

[2] Para citar alguns exemplos: temos as corinthianas Gaviões da Fiel, Camisa 12 e Pavilhão Nove; as palmeirenses Mancha Verde e TUP; as são paulinas Dragões da Real e Independente; e a santista Torcida Jovem.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Ludopédio.
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Marianna Andrade

Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Bacharel em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), tem experiência na área da Antropologia e estuda as torcidas organizadas e as relações de gênero no futebol.  Compõe o Grupo de Estudos sobre Futebol dos Estudantes da EFLCH (GEFE) e o LELuS (Laboratório de Estudos das Práticas Lúdicas e Sociabilidade). Contato: [email protected]

roberto souza junior

Doutorando e mestre em Antropologia Social no PPGAS da UFSCar, onde também é bacharel em Ciências Sociais. Pesquisador associado ao LELuS (Laboratório de Estudos das Práticas Lúdicas e de Sociabilidade). Trabalha, a partir de etnografias urbanas e fotografias, com torcidas organizadas de futebol que são também escolas de samba do carnaval paulistano. E-mail: [email protected]

Como citar

ANDRADE, Marianna C. Barcelos de; SOUZA JUNIOR, Roberto A. P.. “Que saudade que eu tava de torcer pelo carnaval”: um ensaio fotoetnográfico dos Gaviões da Fiel (parte 1). Ludopédio, São Paulo, v. 155, n. 7, 2022.
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